NUM ESPAÇO EU
Sou apenas um ninguém que canta o amor
que chora quando os brutos matam a flor
e sorri se as nuvens formam lindas figuras
a se diluir pela força de um sopro
vindo dalém infinito...
Quando canto eu desfolho notas e as guardo
num arquivo grande e pesado como um fardo
que, no entanto, parece tão sutil e leve
quanto a brisa amena...
Busco a paz encontradas só no universo
das palavras e estas eu declamo em verso
perpendiculares à existência humana,
descobrindo fendas nas emoções,
alcançando metas jamais colimadas...
E, contudo, sou apenas e tão-somente criança
eivada de anelos e na batalha pela esperança,
essa fada linda e consoladora, casta
e a um tempo tênue e titânica...