A sabedoria da maturidade

A juventude tem os seus encantos, é verdade. Possuímos força, vigor, temos, geralmente, mais disposição para vivermos os nossos dias. Quando adoecidos, podemos nos recuperar mais rapidamente. Quando desafiados, possuímos habilidades que nos ajudam a superar as dificuldades. No entanto, a juventude tem algo que só se conquista com o passar do tempo e a aquisição da maturidade: sabedoria. E sabedoria está para além de nossas capacidades intelectuais na hora de resolver um problema matemático. Assim como está para além da nossa habilidade em redigir um bonito discurso que emocione multidões. A sabedoria pode ajudar nessas coisas, é verdade, mas ela está muito mais atrelada à forma que escolhemos passar por esse mundo. Isso porque quando mais jovens tendemos a nos preocupar com coisas desimportantes. Colocamos a opinião alheia em um lugar que não lhe cabe. E, em muitas vezes, negligenciamos nossos desejos e vontades em prol de necessidades sobre as quais não deveríamos ter a menor responsabilidade. Sem dizer que estamos sempre nos comparando, querendo ser melhores que os outros, ansiando por superá-los em suas conquistas… E nessa cometemos equívocos, afastamo-nos de nossos interesses… Sem sabedoria o suficiente, desperdiçamos a vida.

“Na juventude, você quer ser melhor do que os outros. Na maturidade, você quer ser melhor do que já foi um dia” (Carpinejar)

Quando, diante do passar do tempo, adquirimos sabedoria a partir de nosso amadurecimento, reconhecemos o quanto é inútil procurar ser melhor que as outras pessoas. Isso porque cada um de nós possui uma existência única e singular, uma forma extremamente peculiar de passar pelo mundo e enxergar a vida, de maneira que as minhas capacidades são distintas das suas, e o meu destino é diferente do seu. Não faz sentido, a mim, querer superá-lo em seus limites, pois, acima de tudo, preciso reconhecer quais são os meus. Na ânsia por ser melhor que os demais, posso desrespeitar a minha condição. É como alguém que, sem talento para o canto, insiste em formar uma carreira musical. Ele se exaure, se enfada e termina frustrado: aquele não é o seu destino. Talvez, ao mergulhar em si mesmo, ele descubra que, ao invés de encontrá-la na música, a sua arte está na pintura, ou na literatura. E, então, quando resolve explorar a sua capacidade, presenteia o mundo com a mais linda poesia e a mais encantadora expressão a partir de traços e curvas. Foi melhor que si mesmo. Ao encontrar-se consigo, descobriu suas potencialidades. Desenvolveu-as. Procurou aprimorá-las. Não mais quis ser algo que não poderia. Antes se preocupou em viver a própria condição. Tornou-se mais feliz.

Mas eu sei… Às vezes os anos precisam se passar para que consigamos obter certos aprendizados, para que consigamos entender o quanto estivemos desperdiçando os nossos dias em correrias desnecessárias que não nos levaram a lugar nenhum, a não ser ao da indignação. No entanto, precisamos nos colocar no caminho do aprender. Olhe para si. Reflita sobre a maneira como tem vivido. O que não tem dado certo? Será que você está na direção correta?

(Texto de Amilton Júnior - @c.d.vida)