Desabafo VI.
Desabafo VI.
Como sinto falta das cantadas organizadas entre paredes, na conversa com as irmãs no quintal, ou, no momento único daquele lugar. Sinto falta das cartinhas inocentes com teor de culpa, dos corações desenhados no guardanapo do botequim na esperança de ser visto como um galante Caravaggio. Olhar tímido na troca de outro olhar, da preocupação de estar sendo um verdadeiro cavaleiro com armadura de safado, de segurar as mãos dela impondo um ar de herói salvador daquela noite, de caminhar na praia ao pôr/nascer do sol. Todos os feitos, eram para conquistar o coração escolhido como o eterno, eram com intuitos de cativar desejos e fazê-los ser realizado para aquela mulher, musa das nossas noites a sós.
O tempo passa, e, todo glamour daquela época se foi, as cantadas resumiu-se em palavras de baixo calão, olhares se perderam nas fotos onde o corpo perfeito no Photoshop é a sensação momentânea, passear nas praias, jardins, calçadões, ficaram entre quatro paredes de um hotelzinho de cada esquina, e, a venda desmedida desses corpos deixam cicatrizes tão fundas que hoje é vistas nas faces.
Alguns colegas de infância (de 50 acima), diz acompanhar o tempo em sua plenitude, procuram crianças (dos 18 aos 25 quando tem), muitos deles, nem o velho azulzinho faz diferença na hora "H", mas, desfila como se fosse um garoto de 15, entram nos APP's de encontros para se desencontrar imaginando viver. Nestes APP's uma boa e produtiva conversa são do tipo:
- Já andou pelado hoje.
- Estou entediada, quero fazer algo novo na cama (Estava fazendo algo e se sentiu assim?).
- Você gosta de experimentar coisas novas na cama?
- Estou a procura de diversão casual.
- ...
Mulheres (aparentemente), disputando entre elas quantos Like's conseguiu naquele dia, os homens (crianças adulteradas), falando bonito com gírias do momento, tratando-as como objeto de prazer, sem prazer real, também disputam qual otário é mais "galanteador". Não se é bom esse progresso, ou, se o desprogresso dessa era torna-me obsoleto a ponto de começar uma boa conversa com uma mulher (da minha idade), ser um crime tão hediondo passivo de causas penais. Estou perdido, além de ser PcD o que já diminui de 100% para 20% a chance, 15% deste 20 olha a beleza exterior (que com a idade se foi), 3% além do citado acima, admira você pela sua conta bancária, 1.5% descobriram que sexo lhe satisfaz, o 0.5% restante estão casadas. Dito isso, como resolvo este problema? Então pensei: - Minhas ex's. No entanto, entra outro problema: - Andar para trás talvez seja um dilema, pois, nem todos assim como eu, gostam de retornar, foi bom enquanto durou, porque estragar a amizade que ficou.
Porra, não sigo nenhum dogma e suas loucuras.
Puta que pariu, nem mesmo para conversar esta sendo fácil.
Deus, Diabo, Energias Universais, Tarô, Cartas, Búzios, Oferendas, nenhum destes preceitos e divindades tem o poder sobre tal solução, mas, sigo confiante que, em algum lugar, encontrarei o que chamamos de alma gêmea, embora, tive nove que não eram tão gêmeas assim, e, desencarnou reencarnando como grandes amigas. Apesar de serem amigas, os maridos, tem aquele sentimento quase unânime e pequeno chamado ciúme, impossibilitando o contato, e, quando acontece, é porque esbarramos por acidente nas ruas da vida, mas, com tempo corrido de ambos os lados.
É, se não fossem os recantos da vida literária, a Editora e os autores, acho que já teria me enforcado (é só uma forma de falar).
Se houver uma alma que esteja nesta mesma estrada, antes de desistir, tente, estou aqui...
Texto: Desabafo VI.
Autor: Osvaldo Rocha Jr.
Data: 24/11/2024 às 21:39