A Volta.
A Volta.
Poeira cobrindo a estrada como um manto impedindo o olhar, olhar que, preocupado, emite um poderoso silêncio. As marcas no asfalto, traços de uma batalha perdida, perde a chance de mostrar a leveza de segui-la. O atrito da borracha contra a dureza do solo, reflete a vida desse momento na vida antes estacionada na velha garagem da inutilidade.
Naquela noite, não havia luar, nenhuma estrela cintilante no horizonte, o próprio farol, emitia una luz tão fraca, que, enxergar era quase impossível. Além da dificuldade, da poeira sobre seus olhos, tinha que enfrentar as lágrimas embasando a íris sentimental com lembranças fincadas no peito deste que lança-se a cada curva numa fuga desesperada sem êxito. Faixa-a-faixa presencia tal fuga inútil, são faixas continuas desenhando com precisão o continuo pensar, são faixas pontilhadas descrevendo pesares fragmentado ao longo da vida, sinais de contenção, sem conter as memórias aflita por seguir a diante.
Mas,...
Embora a poeira fosse densa, os olhos marejados deixavam claro todo sentir, sentiu por um momento estar indo de encontro a ti, sentiu em si, seus toques, e, acima de tudo, pode ver de relance seu corpo bailando ao sabor do vento. Freou por um instante, para enxugar as lágrimas daquela madrugada, apenas o ronco da sua Harley-Davdson lhe fazia companhia, e, um breve soluço quase inaudível. Ouviu por uma fração de segundo a tua voz, doce, e meiga, dizendo:
- Volte...
Voltar!..
O impulso fora tão forte que, quase derruba a moto, começou a chover, dei um grito quase rompendo as codas vocais, acelerei com furor de uma Nau á deriva, dei uma rabeada, e, ainda com esse pequeno chamado, coloque-me a 150 KM por hora, sem respeitar as leis de trânsito, sem importar-me com a segurança, pois, sabia no fundo, no fundo, que toda segurança de que precisava era dos teus braços, a única lei que deveria respeitar, era o amor que supria meu ser, e, que todo caminho o qual deveria percorrer, era o do seu corpo, sem poeira, sem escuro, mas, com a clareza do desejo nos acostamentos dos teus beijos...
Texto: A Volta.
Autor: Osvaldo Rocha Jr.
Data: 22/11/2024 às 09:55