Pais de Pets
Pais de Pets
Diz o sábio:
“Nunca chega a hora. E assim os ovários secam.”
Você é o resultado de uma luta que dura milhares de anos. É possível traçar uma linha invisível desde você até a idade das trevas. Quantos litros d’agua foram bebidos? Quantos quilos de animais e vegetais comidos? Quantas calorias foram gastas? E eis o resultado: Sua existência.
Para que em um belo dia de manhã decida pôr fim a sua linhagem. Alguns fazendo laqueadura ou vasectomia. Motivos? Os mais diversos possíveis. Quem sou eu para julgar se deve ou não fazer seja lá o que quiser.
O islã avança com muitos filhos. Moças, escolham suas burcas antes que faltem no mercado. Rapazes, peguem o adornado tapete para rezar cinco vezes ao dia. Quando? Em breve. E assim aqueles que ainda querem continuarão com sua própria linhagem. E em um tempo onde a tecnologia consegue ler as expressões faciais, revelando pensamentos obscuros, usar algo para esconder seu rosto será uma nova mercadoria, não tenha dúvida. Apenas atrairá os olhares a práticas religiosas já realizadas em outras culturas, o que apaixonará as mentes sensíveis.
E o “ame ao próximo como a ti mesmo”? Tão esquecido quanto “crescei e multiplicai-vos”. Um pedido depende do outro. Sem filhos, sem próximo. Não há maior amor do que trazer alguém a vida. O que seria dos homens se Santa Maria respondesse um não a saudação do anjo?
Você gosta de existir? Gosta de seus passatempos, festas, amigos, viagens? Quanto mais é amar ao próximo poder fazer um próximo vivenciar isso. Para que ele, assim como você, aprecie essa experiência terrena.
Não há próximo mais próximo do que os de laços de sangue. Claro, a exceção confirma a regra. “Não consigo ter filhos, por isso tenho pet!” E a fila de adoção permanece existindo. Mais amou ao próximo quem gerou um filho e o abandonou do que quem nem quis trazê-lo a vida. O filho está vivo!
Há maldade no mundo. Sim. Como há. E há bondade.
O mundo não é apenas a cidade do Rio de Janeiro onde chamam de “comunidade” uma das piores experiências de vida na terra. Pobreza, violência, tráfico de drogas e falta de saneamento básico. Mesmo nesse submundo imundo ainda existe a alegria de trazer a vida ao mundo. Afinal, esse é o grande objetivo dos relacionamentos entre homens e mulheres. Os outros tipos de relacionamentos pouco me interessam nesse breve texto. Me interessa aquele que podem gerar vida e escolhe não a gerar.
É a natureza dos próprios órgãos internos em funcionamento. O prazer é o ponto de exclamação, mas apenas o acorde final, quando os dois corpos já realizaram o ato que leva a procriação.
A desesperança na alma humana. “Não vale a pena que meu filho viva nesse mundo de desgostos. Sofrerá como eu.” É o reflexo da própria tristeza interna. O valor que tem de si mesmo. Quanto mais valemos, mais queremos que nosso semelhante tenha o mesmo que temos. Para quem não vale nada, nada tem a entregar.
É ter medo de replicar a própria insignificância.
E não confiar que Deus proverá.
O fim da esperança.
A cegueira do consumismo. Fazer pelo prazer. Sem prazer, não fazer. O imediatismo. Não se vê o prazer em ser pai e mãe, existente juntamente com a responsabilidade. Esse não é imediato. É lento e progressivo. Desde o descobrimento, o pezinho do tamanho de um dedão, as primeiras palavras, o carinho e o amor após crescerem. Por fim o natural abandono. Esse que assusta. Para que tanto esforço para ter esse final? Diz o jovem que foi criado pelo mesmo esforço de seus pais.
Consumismo. Poder viajar, trocar de carro, ter boas roupas, sair em festas todo final de semana. É comprar camisinhas, comprar pílulas, roupas e acessórios. Assim a velhice chegará. E todo o esforço humano de seus ancestrais serviram para criar um descendente que usou ele para festejar. E esconde-se que é um desrespeito a humanidade como um todo, independente de qual for a religião.
Agora o próximo é filho de outros.
E o que é pior, querer se meter em como será a educação dada aos filhos de outros! Chega a ser ridículo. Quer deixar um legado, mas a quem? Suas histórias serão esquecidas, assim como todos nós seremos. E quando lembrados, que proveito tira disso um morto? Mas o filho e a filha são reais, existem. Mantém existente a humanidade.
A vida quer gerar vida. Até seu pet faz isso.
A adoção é linda. É da experiência humana ter pai e mãe. Às vezes é apenas presente um ou outro. Nada mal dois pais ou duas mães, melhor do que ser só, criado pelo estado ou por uma família que violenta a criança. Mas é necessário a vida para que assim seja.
Um futuro de islâmicas incertezas. Ao menos gerando vida.