A ESSÊNCIA DA EXISTÊNCIA

 

      Desejos oriundos de terras que não conheço
       Perdido e sozinho entre vozes sem conta a qu'estou [agora]
           (embora nelas sempre estive)

 

        Estaria minh’alma à procura do que então a preencheria?
 Ou seria, ao contrário, loucura minha e assim [ser] suma insensatez?
      (E não teria o gérmen da loucura todos nossos desejos?)

 

             - Que faço?

      Pergunta a angustiada voz
           Solitária qual bússola desvairada e confusa?
              Ai, que pena! não encontro resposta!

 

          E destarte saio daquele confortável berço d’outrora
              (Tão cômodo, tão prazeroso!)
     A que me arrasto nas sombrias sendas deste incógnito tempo
                E tê-lo-ia algum endereço?
       Oh, não! com certeza, não!
                 Ao que, aind’assim, baterei em todas as portas
          Embora saiba que muitas baterão em minha cara
                  Mas não desistirei

                         Não, absolutamente

 

          Pensamentos mórbidos a queimar em meu íntimo
    Pudessem ser - oh, tanto eu queria! - quais fúlgidos relâmpagos
         Que num breve instante aparecem e, em seguida, vão embora
   (Porém, continuamente persistem, como que a me atentar)
E aquela infinda sede que com nada satisfaz e menos ainda à alma sacia!

 

              Oh, como dói o viver!
     Como é exaustivo o seu caminhar!
               Como num brincar de s’esconder
  Onde se sai em busca do que nem se sabe o que procura
            E o que se caça não se encontra em lugar algum
    Das sombras que passam no tremular das águas
       Na nitidez de meus olhos os quais pouco ou nada enxergam
   (Como um borrão que s’encontra nas vistas)

 

 

         Ó felicidade que nunca se acha!
      Desta vida repleta de desencantos e tormentos!
            Ironia dizer que és nosso maior vício
       E alimentamos com o cálice de nossas lágrimas
              E o fermento amargo de nossos sofrimentos

 

        Ah, quão triste nada aqui [se] saber!
   (Ou seria nossa mais real felicidade assim tudo o desconhecer,
       contra tantos que obstinados são por suas verdades,
         a que pensam saber de tudo, quando em verdade
           não sabem mesmo nada ... de nada!)
         E deste modo, o que fazer?

             Pergunto eu ... mais uma vez

 

          Todavia, longe de mim abandonar a epopeia do viver
                Seguirei em frente, a olhar para o alto
             E sempre para cima
                           Eis o que farei

 

             Ainda que eu procure e nada venha a encontrar
      E mesmo que as pedras em que piso machuquem os meus pés
               Seguirei adiante ... o tempo todo
       No final, a viagem valerá a pena

 

           Os açoites da poda que em tempos me oprimiram,
   necessários foram para o crescimento da árvore,
               cujas flores que ao solo úmido nasceram e caíram
        serviram e sempre servirão, pois de adubo
   à essência que se esconde no núcleo da existência

          Desta vida que está sempre mudando ante meus olhos
       E, contudo, desta vida que é sempre... a mesma!

 

 

22 de novembro de 2024

 

IMAGENS: FOTOS REGISTRADAS POR CELULAR

 

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FORMATAÇÃO SEM AS ILUSTRAÇÕES

 

A ESSÊNCIA DA EXISTÊNCIA

 

      Desejos oriundos de terras que não conheço
       Perdido e sozinho entre vozes sem conta a qu'estou [agora]
           (embora nelas sempre estive)

 

        Estaria minh’alma à procura do que então a preencheria?
 Ou seria, ao contrário, loucura minha e assim [ser] suma insensatez?
      (E não teria o gérmen da loucura todos nossos desejos?)

 

             - Que faço?

      Pergunta a angustiada voz
           Solitária qual bússola desvairada e confusa?
              Ai, que pena! não encontro resposta!

 

          E destarte saio daquele confortável berço d’outrora
              (Tão cômodo, tão prazeroso!)
     A que me arrasto nas sombrias sendas deste incógnito tempo
                E tê-lo-ia algum endereço?
       Oh, não! com certeza, não!
                 Ao que, aind’assim, baterei em todas as portas
          Embora saiba que muitas baterão em minha cara
                  Mas não desistirei

                         Não, absolutamente

 

          Pensamentos mórbidos a queimar em meu íntimo
    Pudessem ser - oh, tanto eu queria! - quais fúlgidos relâmpagos
         Que num breve instante aparecem e, em seguida, vão embora
   (Porém, continuamente persistem, como que a me atentar)
E aquela infinda sede que com nada satisfaz e menos ainda à alma sacia!

 

              Oh, como dói o viver!
     Como é exaustivo o seu caminhar!
               Como num brincar de s’esconder
  Onde se sai em busca do que nem se sabe o que procura
            E o que se caça não se encontra em lugar algum
    Das sombras que passam no tremular das águas
       Na nitidez de meus olhos os quais pouco ou nada enxergam
   (Como um borrão que s’encontra nas vistas)

 

         Ó felicidade que nunca se acha!
      Desta vida repleta de desencantos e tormentos!
            Ironia dizer que és nosso maior vício
       E alimentamos com o cálice de nossas lágrimas
              E o fermento amargo de nossos sofrimentos

 

        Ah, quão triste nada aqui [se] saber!
   (Ou seria nossa mais real felicidade assim tudo o desconhecer,
       contra tantos que obstinados são por suas verdades,
         a que pensam saber de tudo, quando em verdade
           não sabem mesmo nada ... de nada!)
         E deste modo, o que fazer?

           Pergunto eu, mais uma vez

 

          Todavia, longe de mim abandonar a epopeia do viver
                Seguirei em frente, a olhar para o alto
             E sempre para cima
                           Eis o que farei

 

             Ainda que eu procure e nada venha a encontrar
      E mesmo que as pedras em que piso machuquem os meus pés
               Seguirei adiante ... o tempo todo
       No final, a viagem valerá a pena

 

           Os açoites da poda que em tempos me oprimiram,
   necessários foram para o crescimento da árvore,
               cujas flores que ao solo úmido nasceram e caíram
        serviram e sempre servirão, pois de adubo
  à essência que se esconde no núcleo da existência

          Desta vida que está sempre mudando ante meus olhos
       E, contudo, desta vida que é sempre... a mesma!

 

22 de novembro de 2024

 

O Pincel e a Paleta
Enviado por O Pincel e a Paleta em 22/11/2024
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