JORNADA

Meus últimos 65 anos foram reflexivos.

Passei a lembrar das vezes que tive essa idade. Em todas eu fui feliz.

Hoje, enquanto novamente não chego lá, penso na jornada que se repete a cada noite. Toda noite ando por décadas…

Quantas pessoas tentaram seguir comigo e ficaram em algum lugar do amanhecer. O futuro é como uma estrada à curva e sem fim… Nela não se vê mais por onde passou e se esquece de tudo com a mesma velocidade do tempo em que haja sorte de ser alcançado pelos orbitais das projeções. Sempre me surpreendo com essa jornada…

Ontem acordei com vontade de ser jovem. Era véspera do meu aniversário de 92 anos e as velas acesas lembravam-me que ninguém morre no futuro.

Deixei-me estar para além do agora. Lá sou muito mais eu do que estou sendo nesse meu dia de todos os anos…