Ninguém é bonzinho por nada

Volúpia.

Tanto a razão quanto a experiência não bastam a si mesmas e ao usá-las de maneira isolada o

risco do autoengano é muito grande. Por conta disso, o autoconhecimento parece ser um elemento

de fundamental importância para que saibamos usar a experiência como meio de aprendizado,

pois esta por si só, não basta, afinal, de nada serve se não for utilizada e interpretada de modo

sábio. Tendo em vista que Montaigne condena o pressuposto de que as voluptuosidades naturais

são absolutamente ruins, ao passo que reconhece que não devemos render-nos excessivamente a

elas, penso que categorizar Montaigne como “o filósofo da volúpia” seria um exagero. A filosofia

montaigniana tem muito mais relação com ser moderado do que com ser refém da voluptuosidade.

A sabedoria está presente no autoconhecimento, em conhecer o seu próprio temperamento, para

assim reconhecer as voluptuosidades naturais as quais está propenso e saber moderá-las de acordo

com suas necessidades, pois até mesmo o excesso de virtude é considerado um vício para Michel de Montaigne.

 

MONTAIGNE, Michel de. Os Ensaios Vol. II. Trad. Rosemary Costhek Abílio. São Paulo: Martins

Fontes, 2006.

LucianaFranKlin
Enviado por LucianaFranKlin em 19/11/2024
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