O fenômeno do bolsonarismo

Esse fenômeno tem gerado discussões intensas não apenas no campo político, mas também no emocional e no comportamento das pessoas. E não se limitou a ser uma corrente ideológica ou partidária, mas evoluiu para uma identidade coletiva que afetou profundamente a maneira como muitos brasileiros percebem a política, a sociedade e, principalmente, a si mesmos. Essa transformação tem implicações significativas no plano emocional e no comportamento de uma parte considerável da população.

O bolsonarismo tem contribuído para uma intensificação da polarização política, que não se restringe às questões eleitorais, mas se estende ao comportamento cotidiano. As discussões políticas se tornaram extremamente emocionais e pessoais, com as pessoas tendo dificuldade de estabelecer diálogos racionais. O movimento criou uma narrativa de "nós contra eles", dividindo a sociedade entre os que se veem como defensores da "ordem" e do "patriotismo" versus os que são rotulados como "comunistas", "corruptos". Isso gerou um estado constante de tensão emocional, onde as identidades políticas das pessoas se tornaram algo quase intransigente, que permeia o relacionamento com amigos, familiares e colegas. Essa divisão acirrou sentimentos de raiva, ódio e desconfiança em relação ao outro, criando um ciclo de hostilidade constante, onde a convivência se torna marcada pela animosidade e pela falta de empatia.

Culto à personalidade, no qual muitas pessoas passaram a enxergar no Bolsonaro uma figura quase messiânica, capaz de solucionar todos os problemas do Brasil. Para essas pessoas, a sua figura se tornou um referencial emocional, onde suas ações e palavras se tornam incorruptíveis e verdadeiras. O discurso de que a democracia e os valores tradicionais estavam sob risco constante, o que gerou um medo coletivo e ansiedade. Em resposta a esse medo, muitos bolsonaristas buscam um tipo de refúgio emocional em sua visão de mundo, que se baseia em uma suposta ideia heroica contra os “perigos” do comunismo, da corrupção e do globalismo.

Desinformação, através de redes sociais, grupos de whatsapp e outras plataformas, milhões de brasileiros foram expostos a narrativas distorcidas que afetam a forma como as pessoas processam a realidade. Enfim, os efeitos dessa “paranoia política” estão promovendo uma geração de pessoas emocionalmente fragilizadas, desinformadas e polarizadas, que veem a política como um campo de batalha, onde qualquer forma de concessão ou diálogo é interpretada como uma derrota.

Psicólogo Luis
Enviado por Psicólogo Luis em 16/11/2024
Reeditado em 16/11/2024
Código do texto: T8198121
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