Filosofando sobre o mercúrio

Filosofando sobre o mercúrio

Muitos acham que filosofar é para poucos. Bem, assim como existem maus pedreiros, existem maus filósofos. Como há péssimos cantores, há péssimos filósofos. Mas a ação de filosofar é possível a quase todos. E existem muitos bons filósofos entre nós.

Mas o que é filosofar?

Alguém que vai pescar quer fisgar um peixe. Se ao recolher a linha e o anzol aparecer um galho de árvore grudado sabe-se que há algo de errado.

Porém, se pedirem para alguém entrar em uma sala cheia de itens e encontrar um especifico, a pessoa tem que conhecer esse item ou ao menos alguma característica dele, do contrário não saberá o que procura. Por exemplo, entre na sala e encontre um furibas. Você tem que ter mais informações, por exemplo, ele é usado para bater em pregos. Ou seja, nesse caso é outro nome para martelo. Mas é necessário conhecer o que esse item é ou faz, apenas se dá um nome novo a esse item, ação, característica...

Podemos pensar que filosofar é buscar a verdade.

1- Se não conhece a verdade, como saberá que a encontrou?

2- Se conhece a verdade, não busca por ela, apenas a demonstra.

Isso é filosofar, essa busca para conhecer o desconhecido através do que já conhecemos. Uma demonstração. Um caminho até se chegar a uma conclusão, seja lá sobre qual assunto for.

Apenas para ficar um pouco mais organizado vou enumerar, mas não se perde nada essencial ao ignorar os números.

1- Se filosofar é uma busca por algo que não se conhece, é a ação de pensar e chegar em conclusões, uma conclusão após a outra. E, se dermos sorte, nos deparamos com uma conclusão nova, que não estava aparente. Mas seria essa a última conclusão possível sobre o assunto analisado?

2- Se é demonstrar a verdade, é demonstrar os passos que levam a determinada conclusão. Saber a conclusão seria o bastante caso confie que aquela é a verdade. Assim, é contar uma história sobre os motivos que levam a crer em algo. E contar essa história revela detalhes que antes estavam desconhecidos, mesmo se conhecendo a verdade final. Por exemplo, mercúrio é um planeta do sistema solar. É uma verdade. Como sabemos disso? Então conta-se a história das observações astronômicas feitas por centenas de homens ao longo dos séculos. E esse conhecimento não se tinha antes e pode levar a novas conclusões, novos conhecimentos.

1- Exemplo:

-Todos os metais em temperatura ambiente são sólidos.

-Mas o mercúrio é um metal e é liquido em temperatura ambiente.

-Logo, alguns metais são sólidos, alguns são líquidos em temperatura ambiente.

E assim aprendemos algo novo, algo que sabíamos, mas não havíamos pensado sobre esse algo. também se chama de lógica, lógica é a ferramenta usada pelo pensamento para chegar a novos conhecimentos. Investigamos após isso mais e mais detalhes sobre o mundo que nos cerca. Por exemplo, o que é a temperatura ambiente? afinal, no pólo sul, naquela temperatura ambiente, o mercúrio é solido ou liquido? Pensando sobre isso voltamos a investigação anterior e reformulamos de acordo com as novidades que aprendemos.

Vamos adquirindo mais conhecimento sobre vários assuntos. Isso quase todas as pessoas, se tiverem boa vontade, podem fazer. E quanto mais detalhada a análise, mais informações e mais conhecimento se adquire sobre o nosso mundo. Mas é preciso observar como a natureza funciona, já ter alguma experiência e conhecimento sobre as coisas do mundo. Afinal, alguém que só conheça mercúrio como um planeta não aceitará a conclusão, pois mercúrio é para ela um planeta e não um metal liquido, ora bolas!

Em uma conversa, compartilhando conhecimento e dúvidas, o filosofar parece fluir de forma muito natural, desde que sejamos amigos da sabedoria e não amigos do querer "ganhar a discussão" a todo custo, como diria o antigo filósofo. Porém, é necessário acreditar em algo antes, para apenas depois redefinir o que se conhece desse algo. como dissemos no início, o ponto de partida era que “os metais eram sólidos em temperatura ambiente”. E depois “o mercúrio é um metal e não é solido em temperatura ambiente”. Ou seja, é necessário já ter conhecimento sobre o mundo e acreditar que esse conhecimento é verdadeiro.

2- O que nos leva ao segundo modo da filosofia. Apenas demonstrar os passos que levam a crer em algo.

Se falarmos:

-Alguns metais são sólidos, alguns são líquidos em temperatura ambiente.

É uma verdade. Para demonstrar se faz o caminho inverso, representando os sólidos citamos o cobre, representando os líquidos, o mercúrio

Também é necessário ter conhecimento sobre nosso mundo e acreditar que é verdade o que se conhece. Perguntamos: o que é um metal? Responde-se baseado no que já se conhece e se descobre características que antes não conhecíamos.

Ambas as formas de filosofar nos dão informações, partindo do que já é conhecido ou refletindo sobre o que já se conhece. Na verdade, uma complementa a outra e não há uma sem a outra.

Então o que é filosofar?

No primeiro caso é chegar a uma conclusão após analisar o que já se conhece, mas não significa que aprendeu tudo sobre aquele assunto.

No segundo caso, é partir do conhecido e explicar os motivos de ser de tal forma.

Filosofar é buscar a verdade, é descobrir o desconhecido através do conhecido e explicar o que já é conhecido. É uma ação, sempre renovada com as novas descobertas. A verdade seria o que? Se é algo tem que ser possível conhece-la de uma dessas maneiras. Ou se chega a ela através de analogias, lógica, ou se encontra ela e a explica.

Para isso tudo fazer sentido, a verdade é necessariamente existente e real. Do contrário não é possível a encontrá-la. E se assim for, se não há uma verdade final, mas apenas um eterno conhecimento de coisas antes desconhecidas, filosofar é chegar à conclusão de algo existente, ou demonstrar algo existente, mas sabendo que é um conhecimento de parte de algo que nunca entenderemos por completo.

Para algumas pessoas, mercúrio é o deus grego do conhecimento, comercio e dos ladrões. Nem planeta, nem metal.

O que é afinal mercúrio além de uma palavra?