Delonga
A pauta de hoje é procrastinação. Uma arte que eu domino com sabedoria. Afinal, porque fazer hoje o que se pode deixar para amanhã? Durante muito tempo comprei a ideia da indolência, inutilidade, de não ser expedita. Crenças pra lá de limitantes. Com o tempo entendi que havia elaborado um método inconsciente de deter a ansiedade. Depois da super estafa a procrastinação se tornou objetivamente uma forma de administrar o caos e dizer adeus a ideia da heroína. Atenta às pequenas conquistas, soltei a necessidade de dar conta de tudo. É o que tem pra hoje, e tá tudo certo.
Claro, do outro lado do abismo mora aquela preguicinha, tem aquela pilha de miudezas que vão sendo esquecidas na correria do cotidiano. Tem aquelas palavras adiadas "ad infinitum".
A criatividade que espera o momento certo que não chega nunca. A poesia bailarina na mente inquieta que não ganha asas. Enfim, toda essa procrastinação que acontece à revelia da consciência. Flutua no tédio etéreo, nada frutifica.
O pacto foi feito, tomei a preguiça como uma aliada do autocuidado. Uma medida preventiva da saúde mental, selecionando cuidadosamente o que preciso fazer hoje, o que posso deixar para depois, e o que posso deixar pra lá…
*Si*