Driblando o destino: você pulou do trem!
Existe quem passe o tempo se agarrando tanto a vida, temendo o dia que terá que ir embora, deixar pra trás o que conseguiu, ou deixar de ver quem tanto gosta? Ser arrastado para o além é o pior pesadelo para elas.
Há ainda aqueles que vivem no limiar do tédio e da aceitação, a vida para eles é uma tarefa como qualquer outra, é o ponto em que a vida não é tão empolgante ao ponto de desejar vivê-la para sempre, ao passo que tentar ir embora agora é trabalhoso, acaba por deixar que o futuro se encarregue de vir buscar quando quiser.
Por outro lado, existem os que carregam tanto dor, que não veem a hora de poder ir, por não suportar mais o peso, procuram diversas formas de se dissipar da viagem da vida, eles querem pular do trem antes que ele chegue a estação e assim o fazem, driblando o destino, que já havia reservado a sua forma de lhe mandar de volta ao lar celeste.
E agora eu penso: você pulou do trem! E um vazio se instala em quem permaneceu, o frio dessa ausência me faz questionar se é egoísmo meu desejar que alguém que carregava tamanha dor tivesse continuado, só para que eu não sentisse a tremenda falta. Mas na verdade eu queria que, ao longo do trajeto, aquelas malas cheias de dores que você arrastava no trem tivessem sido arremessadas fora, que a dor fosse deixada para trás, e não você.