Reflexão? Vida? Morte? Ou Indefeso?

A vida é uma jornada repleta de mistérios, e a morte, por sua vez, é um enigma que, por mais que tentemos desvendar, permanece envolta em silêncio. É curioso observar que, ao estarmos em um velório familiar, presenciamos tanto o adeus a um ente querido, frequentemente alguém em idade avançada, quanto o começo de uma nova vida, simbolizada pela presença de uma criança. Um se despede, enquanto outro chega, como se o universo mantivesse seu equilíbrio. Esse ciclo é ao mesmo tempo belo e desconcertante.

No entanto, é doloroso perceber a impotência de quem parte. Quantas vezes, em vida, essas pessoas expressaram o desejo de serem lembradas de uma forma específica, de evitarem cerimônias que lhes tirassem a dignidade ou que não condiziam com seu caráter? E, apesar disso, ao perderem sua voz e liberdade de escolha, têm suas últimas vontades ignoradas. A vida, que deveria ser vivida com intensidade, é, por ironia, seguida de homenagens que, muitas vezes, não condizem com o verdadeiro desejo da pessoa que se foi.

Talvez, em nossa cultura, atribuímos à morte um peso excessivo, desejando passar longas horas ao lado de alguém que, na verdade, já retornou ao seu estado de paz e essência. Nos perguntamos: qual é o verdadeiro propósito de tais rituais? Será que a pessoa, de fato, presencia as manifestações de carinho e pesar, ou esses momentos são apenas para nosso próprio conforto?

A morte deveria ser vista como um retorno à serenidade, um descanso após a longa jornada, e não uma ocasião para se aprofundar em tristeza. Ela nos lembra, com sua presença constante e silenciosa, que o tempo é fugaz e incerto. Ao invés de esperarmos o fim para expressar nosso amor e respeito, é imperativo que vivamos plenamente o presente, cultivando laços e demonstrando afeto enquanto temos a dádiva da vida. Afinal, a morte é nossa única certeza, embora a forma como ela nos encontrará, o que sentiremos ou veremos do outro lado, seja um mistério.

Vivamos, portanto, com gratidão e plenitude cada instante, pois é na simplicidade do agora que reside a verdadeira essência da existência.