Incerteza.
Incerteza.
Amanhã viajo depois de sete anos afastado das estradas, amanhã retorno a velha estrada da infância para ver minha mãe de criação. Depois do AVE sigo modificando meu jeito de pilotar a minha Suzuki, parceira de tantas estradas. Sairei na madrugada fazendo o que faço de melhor, arriscar-me na crença de que quem não arrisca, não sabe viver... A vida é risco!..
Talvez eu chegue ileso e retorne vitorioso, talvez eu fique no caminho sem revê-la e fique na lembrança dos meus nos comentários sobre moto, seja como for, estou morrendo. Morrendo de saudade dela, de sentir o vento no cabelo, de sentir o cheiro da terra molhada, de ir contra a vontade que bate em meu peito. A minha ex. apreensiva fala que me admira por nunca desistir, minha mãe biológica preocupa-se apenas em quem levara suas compras, meus irmãos dividem-se em locura e garra, mas, concordam em algo, tudo que é meu é de minha filha caso não volte.
Minha filha, esta perguntou-me de onde eu retiro essa força, como ela consegue abraçar a vida sem temor, mais ainda, como embora temeroso só desisto após tentar. Na verdade nem eu mesmo sei de onde veio ou de quem puxei, apenas sou assim, e, com lágrimas nos olhos pede que eu tenha cuidado pois me quer de volta. Eu então faço uma brincadeira como de costume, e, digo:
- Lu, morri em 2018, e nenhum dos reinos me quis, isso significa que até entrarem em um consenso ficarei por aqui.
Ela ri, me abraça, eu falo que à amo, pois, pode ser a última vez que falarei...
Bom, vou dormir para estar descansado para amanhã... Tchau.
Nota:
Tenho a impressão que será a última viagem...
Texto: A Incerteza.
Autor: Osvaldo Rocha Jr.
Data: 10/11/2024 às 21:01