O que fica depois do show?
Antes de responder a pergunta acima, já quero adiantar: não sei como escrever esse tipo diário; sou ruinzinho mesmo, sem medo de admitir. Mas aí vai: farei meu melhor, tenha misericórdia. Ah, e antes que eu esqueça, não esqueça de ler em paz e tranquilidade: sem pressa. Ouça com uma música tranquila e aproveite!
Agora, respondendo a pergunta, em minha opinião, o que fica depois do show são as luzes apagadas. Contudo, antes de continuar, deixe-me explicar porque digo isso. Participo de uma companhia de teatro da minha igreja. Nós já apresentamos em todo tipo de lugar: desde igrejas com espaço para mais de mil pessoas, até igreja com espaço para 50 (no dia não veio nem metade). Outra coisa, extremamente relevante, não somos pagos - nosso pagamento é em outro formato, se é que me entende -, somos voluntários. E em todas essas viagens, posso dizer com propriedade: já passamos por poucas e boas. Cada lugar, uma recepção, um teatro e um público diferente; em alguns viramos estrelas de Hollywood, em outros hereges da inquisição; em alguns, o público compreende a peça e aprecia, em outros as palmas soam como um "finalmente". É, como eu disse, poucas e boas. Cada lugar, uma experiência: pluralidade.
Assim, nesse início de Novembro, teve a última agenda do ano: Criciúma. Mas, não seria qualquer apresentação: seria no teatro da cidade; animei-me, confesso. Imagina, apresentar um teatro num teatro, sabe? Finalmente, poder ser chamado de, pelo menos, amador! Que oportunidade! Então, pegamos um ônibus, arrumamos as malas e fomos; sem medo - mentira, tinha um pouquinho. Apresentamos; e olha, não querendo me gabar - Deus me livre! -, mas ali houve excelência. Pouquíssimos erros, se houve algum! Estava cheio, foi incrível. Depois, ministramos, oramos e, basicamente, finalizamos o culto. Tudo perfeito! Mas - o ponto onde eu quero chegar - acabou.
É, por incrível que pareça, acabou. E digo de coração; por mais legal, santo e bom que fosse aquele teatro e culto, teve um ponto final. Depois dos aplausos, choros e gritos: silêncio. Doce e dolorido. É como se fosse uma tarde ensolarada, que sempre termina com chuva, sabe? Talvez eu devesse fazer um texto sobre isso, inclusive. Anotado. Todos foram para suas casas. Lembro de ir tirar a maquiagem com isso martelando a cabeça: "acabou, de novo...". E, para finalizar minha narração, fui para o palco ver aquele que sempre me acompanhava no fim de todas as apresentações: o vazio. O universal de cada particular. Daí veio a foto - aqui não vai ter foto ;(. Eu sei que isso pode parecer meio depressivo, só que não é. Estou simplesmente descrevendo um fenômeno. Então porque entristecemo-nos com isso? Porque, no fundo, produzimos arte - ou qualquer outra coisa - parece impressionar algo, ou alguém.
-- Em produção, mas postando para movimentar :) --