Quando a vida perde o sentido
É difícil imaginar o futuro de um homem, quando ele perde a razão de sua existência. Quando ele não consegue ser o provedor de sua família, quando seus projetos pessoais e profissionais nunca vão para frente. Quando a sua vida parece estagnada. Não é fácil de manter de pé, quando sua autoestima está jogada às traças. Que nos sentimos incapazes de realizar qualquer coisa. Mas não se chega num estágio deste de repente. Isto é o resultado da soma de várias pequenas derrotas, vários pedidos de ajuda negados, várias portas fechadas e muitas histórias contadas de forma maldosa a respeito de quem somos.
Com o tempo, toda fé na vida, vai se escorrendo entre os dedos. Toda esperança de poder contribuir para algo bom na sociedade se transforma em uma grande ilusão. Já não conseguimos mais cuidar de nós mesmos. Muito menos das pessoas que amamos. Não existe uma dor maior para o homem, do que a de não poder ser útil, para aqueles que a quem ele ama. E uma autoestima destruída, ao longo de uma vida, é como uma ponte que quebra, que nos levaria ao verdadeiro sentido da vida.
Este é o começo do fim. Viver sem sonhos, sem propósitos, sem algo para se apegar é morrer em vida. Aos poucos a ansiedade toma conta, acordamos e dormimos com aquela dolorosa sensação de inutilidade, de mediocridade. Nos tornamos mendigos de pequenos estímulos, para nos manter vivos. E ninguém percebe a dor imensurável que estamos sentido dentro de nós. Porque temos que nos manter firmes, perante a sociedade. Colocar um sorriso no rosto e seguir. Fazendo de conta que está tudo bem. Afinal, demonstrar fraqueza não é coisa de homem. Ser humano, é algo que está longe das características de um homem, na sociedade atual.
Quanto mais se demonstra sentimentos, mais fracos e descredibilizados seremos. E mais as pessoas se afastam de nós. Primeiro fazem você acreditar que não é um bom profissional, não abrem as portas para mostrar seu potencial, depois fazem você acreditar que não é um bom pai, dizem que seus sonhos são bobos. Tiram seu brilho, depois lhes criticam por você se sentir incapaz. É assim que vivemos, esmagados e destruídos pelos rótulos que a vida coloca sobre nós.
E quando tentamos dar volta por cima, buscar rever nossos valores e encontrar nosso verdadeiro eu e propósito de vida, nos deparamos com um grande conflito interno. Uma luta entre nossa consciência de mudança e a voz na cabeça dizendo que não seremos capazes de mudar. E é este conflito interno, de uma luta intensa, que nos remete às mais profundas dores interiores, causas da ansiedade, da depressão e da vontade de desistir da vida.
Existem lutas, que devem ser travadas sozinhas, mas em algum momento precisamos de um ombro a que se apoiar, mas nem sempre teremos um, disposto a nos abraçar sem julgar. E é justamente a ausência deste apoio, que levam muitas pessoas a tirarem sua própria vida. Se eu puder dar um conselho, para as pessoas que ainda estão bem, eu diria para ficarem atentos às pessoas em sua volta, pode ser que alguém esteja precisando de um ombro amigo, de um abraço, de uma simples presença. Neste mundo corrido, empatia passou a ser raridade. Mas praticá-la pode salvar uma vida.
Fica a dica.