Parei de assistir jornal e aconteceu isso!
Alienado é quem consome notícia
Aprendi ao longo da juventude que deveríamos consumir notícias de qualidade. Assisti ao Jornal das oito, minha mãe assinava duas revistas diferentes, tinha jornais nas casas dos meus avós e li de tudo um pouco e um tanto. Consumi bastante informação quando jovem, me formei sapiente. Podia opinar em muitas rodas de conversa, fui conhecedor de todos os acontecimentos. Truquei muito especialista, uns aceitaram, outros me mostraram que minhas fontes não estavam certas. Continuei assim, sempre atento ao noticiário por longa data. Quando me tornei um excelente usuário de internet - eu mesmo me qualifiquei assim - consegui consumir apenas os conteúdos que me interessam. E olha, não falo de cultura pop, mesmo porque não consumo isso, mas leio e assisto sobre biologia, geografia, história, viagens, engenharias e outros que são todas ciências: ciências biológicas, ciências da terra, ciências exatas, ciências humanas. O ano atual é 2024, então é natural que eu busque todo esse conhecimento na internet. O foda é que esta nos consome muito tempo. Apareceu para mim aos 15 anos mais ou menos, portanto tive uma vida com atividades e costumes bem encaixados no dia, sem previsão de adicionar uma atividade que viria a consumir ou participar do meu dia inteiro. O tempo de consumo de internet foi crescendo e ocupando outros do cotidiano, até que um belo dia decidi experimentar parar de ver noticiário e consumir só o conteúdo que me faz bem, que me ensine mais sobre nós, sobre a natureza e o planeta que vivemos. Cessado o consumo de notícias de grandes jornais e influencers famosos, considerei durante um tempo que me alienei e isso parecia ruim, então precisei trabalhar essa ideia dentro do coração, uma vez que ela foi contra o que sempre acreditei ser o melhor. Os primeiros meses de alienação foram ótimos. Não me chateei com a política, economia, muito menos com as covardias alheias, que é o que passa no jornal. Em contrapartida estudei para valer diversos assuntos e várias opiniões. Quando leio o que quero, é maravilhoso, adoro, me aprofundo. Passado o início da alienação, a vida continuou boa, sem estresse, sem me chatear com a TV ou feeds. Uma coisa começou a me incomodar. Obviamente não sei mais comentar ou responder assuntos atuais dos jornais, por exemplo a atriz da novela que foi morta, ou o carro que atravessou o muro de uma casa, ou um piti de político que fez a bolsa cair, então muitas vezes perco interação em discussões e conversas. Sabe o que reparei? Que esses assuntos não têm a menor importância, não mudam minha vida. Eu quero viver muito e a notícias mais Extra! Extra! são irrelevantes no longo prazo. Elas só trazem desgosto e estresse. Não me trazem conhecimento verdadeiro, crescimento como pessoa, me contam quase nada de história para eu aprender e não repetir os erros do passado. Mostram apenas coisas ruins e desimportantes para mim como pessoa. As novidades científicas até aparecem nos jornais, mas vêm como comentários em notícias de tragédias, e por vezes são combatidas. Claro! Como que alguém que gasta o tempo consumindo o jornal pop que fala apenas de um político contrário ao desenvolvimento científico aceitaria um conteúdo construtivo? Eu não a culpo. As pessoas que se informam só o que lhes é apresentado, que não buscam o conhecimento por si, acabam reféns da opinião de redatores e se deludem. Se alimentam de conteúdos que só importam agora, que não vão impactar na vida para sempre, às vezes nem na mesma semana do bafo. Ficam carentes do que realmente importa e é rico de saber. São os verdadeiros alienados.