Plenário
A existência humana é condicionada a uma série de automatizações que, por um lado, facilitam o dia a dia, tirando a responsabilidade de uma administração contínua; por outro lado, abstêm completamente o homem da percepção plena de sua vida.
Neste quadro, a inteligência é o ícone maior, em um processo de entrega que, se não mediado por moderação, leva a um descolamento da "realidade". Como utilitário, seu valor foi superavaliado, alcançando o estado dístico, numa sociedade regida pela força.
É inconteste sua utilidade na resolução de problemas e no encontro de soluções; contudo, como toda "ferramenta", tem um campo determinado onde sua operação é eficaz, fora do qual pode, inclusive, tornar-se deletéria.
Entender uma entidade, significa lidar com ela de forma harmoniosa. Congelar, em conceitos, tudo com o que nos relacionamos, provoca interações sincopadas, que sempre estarão exigindo reparos.
O intelecto prende o mundo dentro de conceitos, que sempre será uma visão externa; iludida pela razão, numa indução da inteligência.
A vida se dá por relações, e esta, por sua própria natureza, será sempre relativizável. Estratificá-la é estabelecer castas, maior veneno das interações.
O inexato é o alento, o espaço de manobra que nosso intelecto dispõe. Nele, nos confortamos com nossa ignorância da natureza da existência. A inteligência é mecânica, um sistema, puramente reativo; considera somente metade da dualidade da condição humana, segregando a imaterialidade da vida, instância onde tudo é realizado.