Reflexão após meio século
A poesia que em mim havia existia para que eu pudesse exercer minha própria vida de forma a confundi-las, ambas as existências, no amálgama alquímico que culminaria em algo que me levaria o mais próximo possível da imortalidade. Aquém disso, passados agora cinquenta completos, inimaginados e inesperados anos, sou hoje menos um poeta e mais um vulto inerte diante da vastidão informe e incerta onde o futuro, no qual cada vez menos me enxergo, tropeça em meio à crescente escalada de obscurecimento espiritual dos seres humanos.
E sei, da forma mais amarga e nevrálgica possível, que todo e qualquer movimento, em todo e qualquer sentido que não seja a materialidade física dessa conclusão nefasta, é mera intoxicação otimista ou a mais hipócrita das condescendências.