Coisas que não se ensinam
Ninguém é ensinado a esperar a morte. Apesar de algumas culturas crerem na continuidade da vida, apesar das religiões " ligarem os homens aos céus ", apesar de estarmos em 2024, a morte ainda surpreende. Ela é apenas uma face do todo, algo que deveríamos prever ou simplesmente aceitar. Do lado oposto, está a vida que se renova continuamente. Perceberam como existe uma alegria intensa ao ver a renovação da existência? Como ficamos felizes ao ver um recém nascido e as descobertas de uma criança? Por estes fatos sentimos que continuamos, que a esperança se prolonga, que o sol sempre haverá de nascer. Ao contrário, com um diagnóstico definitivo e nada agradável, nos deparamos com a interrupção de algo que já sabíamos ser frágil: a vida. Quando o diagnóstico não é nosso, o peso não alivia, pois precisamos escolher as palavras, a expressão facial e a colocação certa. Não podemos demorar, mas também, não adiantará muito ter pressa. Cada segundo parece valioso e apesar do tempo escorrer por entre os dedos, ele dura mais. Talvez pela importância que conseguimos dar a um simples gesto, ou a uma palavra que traduzimos apesar de quase inaudível. Talvez porque conseguimos entender a importância disso: de um olhar que consola, mesmo que não saiba tudo, mesmo que dividindo dúvidas. Talvez o aprendizado da morte seja aprender a viver enquanto ela não chega.