Ponto de vista

Em um tempo em que todo o "diferente" foi indiscriminadamente elevado ao patamar de inovação, abriu-se a oportunidade para a manipulação social. O diferente se eleva ao estatus de novo que é vendido como revolucionário. O inusitado passou a ser signo de evolução e vanguarda em comportamento, legando ao natural o título de ultrapassado e retrogradado. Instituiu-se a era virtual, onde se pode configurar comportamentos de acordo com desejos e interesses.

As relações sociais são processos de autoajuste; a introdução de novas condutas, isoladas do contexto do grupo, gerará distensões que culminarão no desajuste do tecido social. Imaginar que sejamos completamente autônomos em comportamentos sociais é negar o fato notório de que somos seres sociais. À casta dominante devemos a introdução de comportamentos exógenos, cuidadosamente estudados para contaminar as relações, retirando delas a coesão. Sem coesão, os indivíduos perdem referências e ficam suscetíveis a novos comportamentos cada vez mais deletérios. Nesse círculo vicioso, cria-se um ambiente propício ao delírio coletivo e à dominação social.

As relações humanas — sociedade — são um fenômeno de equilíbrio sensível, cujo regramento se dá por ajustes internos e externos; o sistema ao introduzir comportamentos artificiais, usa essa característica sensível para uma dominação consentida. O progresso da sociedade não pode ignorar a constância da natureza, que possui suas cláusulas pétreas e sabedoria endógena.

abimas
Enviado por abimas em 02/11/2024
Reeditado em 02/11/2024
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