Padrão para Atração
Tem se tornado cotidiano a padronização do corpo construído em academias. Homens e mulheres de todas a classes, etnias, tribos e sexualidade tem se rendido a uma árdua e longa desconstrução de seus corpos para se adequar ao outrora era genética ou consequência. Onde está escrito que o corpo de um fisiculturista é eroticamente atraente, ou que quem pratica a arte do fisiculturismo o faz para gerar atração?
A mudança do corpo, assim como a catastrófica tentativa de transformar o O Grito em a Mosa Lisa, se tornou a meta em uma atualidade regida pelo padrão de "beleza" politicamente dito como o correto. Seringas, bisturis, comprimidos, hormônios, esteroides, horas de treino, restrição alimentar, tudo para ser enquadrar em um conceito não conceituado ou atestado por nenhuma academia, cujo os fundadores e descendentes, exercitam a única massa no corpo humano cujo o estimo não é padronizado. Fica a obviedade: se ser inteligente fosse melhor do que ser esteticamente "bonito", teríamos mais bibliotecas do que academias!
O O Grito, uma arte do norueguês Edvard Munch, que representa uma figura andrógina num momento de profunda angústia e desespero. Uma obra bela, única, existencial, que retrata uma realidade pouco admirada, falada e valorizada. Um quadro real, assim como milhares de pessoas, de importância singular para o equilíbrio de um coletivo, onde o individuo é o denominador essencial. Por volta de 350 anos antes de o O Grito, Leonardo da Vinci nos presenteou com a Mona Lina. Creio que não precisar explanar sobre tal obra e sua estupenda fama. O cerne da questão, entretanto, é que tanto o O Grito, quanto a Lisa de Gioconda, cada obra em sua individualidade, são belas, únicas, de valor existencial inestimável e insubstituíveis.
O O Grito, como uma pessoa vivendo nos dias atuais, tomada por incerteza e inseguranças existências, seria facilmente levada pela onda da padronização, se atirando em uma academia qualquer (ou na Smartfit), entupindo-se de medicamentos, apenas para se tornar uma Mona Lisa. Esse é o efeito devastador de se padronizar algo. A construção de um belo comum, destrói os belos únicos, que em uma aquarela compõem o todo de uma abra chamada Vida.
Sendo assim, deixo-lhes um apelo: não mudem para se encaixar, pois quem em caixa se coloca, de tal modo precifica a própria existência, deixando o mundo menos belo. Que a sua necessidade de mudança se faça pelo cuidado a sua saúde, ao seu psicológico, ao seu bem estar. Que sua transformação se dê pela vontade de alcançar um futuro onde você é o centro de suas realizações. Que você seja o primeiro a amar o seu corpo, a se atrair por si mesmo, pois sempre será o único a amar quem realmente é, e o único a lidar com as escolhas que fizer.