O LABIRINTO DE MIM MESMO

Tudo está guardado e ordenado dentro da psique, mas de uma maneira quase caótica, onde cada peça do meu ser luta por um espaço. Não é uma ordem alfabética, lógica ou sequencial. O passado e o futuro se enfrentam em um duelo constante, ambos disputando minha atenção, enquanto o presente – ah, o presente! – parece uma miragem, algo que eu tento alcançar e sempre me escapa por entre os dedos. Nesse labirinto de tempos, vou me moldando à custa de uma forja dolorosa, onde cada instante parece martelar minha essência, esculpindo-me a partir das dúvidas e das aspirações.

Minha consciência tenta desesperadamente se moldar ao sonho de um “eu” humano idealizado, mas é um processo complexo, e, na pressa e no desespero, às vezes ajo mais como um animal do que como um ser iluminado. Em momentos de fraqueza ou impulso, quase mato essa essência humana que, sei, vive em mim. Fico indignado com essa luta, com essa incapacidade de compreender o que sou – afinal, como posso buscar o caminho de volta a mim mesmo sem um mapa, sem um guia que me diga onde estou?

Dizem que o caminho de volta é espinhoso, que precisamos passar por etapas para, um dia, alcançar nosso eu divino, mas essa promessa soa quase irônica. Qual será, então, a próxima etapa? Quando deixarei de ser refém de impulsos e fragmentos de tempo para me tornar verdadeiramente humano, uma pessoa capaz de carregar a própria felicidade e transformar o mundo ao meu redor? Não compreendo. Como posso não compreender a mim mesmo? Esse enigma me desafia, me fragmenta. A cada passo, espero encontrar uma resposta, uma compreensão – e tudo o que encontro é o eco dessa dúvida.

Tião Neiva

TIÃO NEIVA
Enviado por TIÃO NEIVA em 29/10/2024
Código do texto: T8184735
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