Medo
VIVEMOS com medo num mundo maluco. Medo do fim do mundo. Do Apocalipse, chocados com ameaças, tensões, violência e vendo o planeta agredido. Eu, confesso, vivo com medo. Também penso que esse medo geral é resultado da nossa omissão e covardia. Da nossa acomodação, tão bem descrita pelo poeta Eduardo Alves da Costa:
"Tu sabes/ conheces melhor do que eu/ a velha história/ Na primeira noite eles se aproximam/ e roubam uma flor/ do nosso jardim./ E não fizemos nada./ Não segunda noite, já não se escondem:/ pisam nas flores,/ matam nosso cão,/ e não fizemos nada./ Até que um dia,/ o mais frágil deles/ entra sozinho na nossa casa,/ rouba-nos a luz e/ conhecendo nosso medo/ arranca-nos a voz da garganta/ E já não podemos dizer nada".
O porta cantou a verdade. William Porto. Inté.