O novo amor
E se for só mais uma vez? E se eu arriscar, só para ver o que acontece?
É o que penso a todo momento. A chegada de um novo amor me paralisa.
O medo é real. Não se trata apenas de uma resistência comum, é uma barreira construída sobre as ruínas de sonhos despedaçados, de promessas vazias e esperanças que se apagaram como velas ao vento.
Coração machucado tem memória, e a minha lembra de cada dor, cada queda.
Vejo o amor vindo, tímido, espreitando como quem espera uma brecha. Sem ser convidado, ele vem, surge sem que eu queira, como um novo pôr do sol, suave, quase impertinente. E o coração pulsa, indeciso. “Vale a pena abrir espaço de novo? Conhecer alguém a fundo, mergulhar nos detalhes da alma, aprender suas histórias, rir de suas manias e, quem sabe, um dia me despedir sem aviso?”
Ah, voltar a se apaixonar... parece um salto sem rede de proteção. Imagino os momentos, a euforia dos primeiros encontros, os planos sussurrados no escuro, os olhares silenciosos que dizem mais que mil palavras. Mas e quando os sonhos antigos se acendem? E se, mais uma vez, vejo tudo desmoronar? O medo de perder o que nunca se teve é maior do que o desejo de arriscar.
O ciclo me assusta. Quero evitar, mas o amor é insistente. E eu me vejo em uma encruzilhada, sem saber se avanço ou recuo. Talvez amar seja isso: um constante ato de coragem misturado com um toque de loucura. Talvez eu precise, apenas por hoje, permitir que o novo entre – devagar, com cautela. Talvez o segredo seja não me apegar aos planos, mas ao presente. Um dia de casa vez.