Contagem-regressiva (texto vertido ao estilo de Álvares de Azevedo pela IA)

Nos últimos dias, medito, absorto, sobre o fim inevitável que se aproxima como um vento noturno que lambe as janelas de um quarto vazio. Será que o destino derradeiro me reservará a solidão, como um companheiro fiel até o último suspiro? Ah, mas isso jamais seria novidade. Cada dia que passa, sinto, com o peso de uma lâmina invisível, meu corpo definhando como uma flor que murcha ao fim da tarde... mais magro, mais fraco, mais translúcido. O sangue corre lento, como se já pressentisse o repouso eterno que se aproxima. O recolhimento se torna meu único refúgio, como um lobo ferido que se esconde da luz.

Havia em mim, outrora, o tênue desejo de revisitar aquilo que um dia me trouxe algum consolo: minhas páginas desgastadas, meus devaneios impressos em tinta, meus delírios visuais e musicais. Mas, ah... quão irônico é esse Criador que, cruel como um tirano entediado, decide puxar as cortinas da vida justo quando o sonhador se vê mergulhado na doce embriaguez de seus últimos sonhos. Como é tola essa esperança efêmera de se apegar ao que um dia constituiu a carne e o espírito, se no final, tudo se escapa pelos dedos como areia... sou feito da finitude, e os relógios parecem rir com seu tique-taque impassível.

Sim, sempre trabalhei em mim a renúncia — uma renúncia forçada, lenta, ardilosa. Mas como competir com os vícios de um ser errante? Sou um barco que balança nas águas turvas da minha própria mente, uma mente torturada pelo desvario do querer e do não querer. O desapego é apenas uma teoria longínqua quando o coração, dilacerado pelos extremos da mania e da melancolia, se agarra ardentemente às poucas memórias fugazes e aos laços fracos que ainda me prendem a este mundo. Que ironia... a quem tanto ama o caos, negar-lhe também o repouso voluntário seria martírio duplo.

Tenho escutado o chamado, sussurrado nas sombras da noite, nas paredes frias do meu quarto. Ele é persistente. Meu tempo se desfaz como papel molhado. O fim? Ah, o fim é uma questão de aguardá-lo com resignação... ou apressá-lo com um último e solitário ato de vontade. Porque o tempo, meus caros, é apenas um carrasco invisível, e não há mais tempo. Não, não há mais.

Sergio Vinicius Ricciardi e IA
Enviado por Sergio Vinicius Ricciardi em 26/10/2024
Reeditado em 27/10/2024
Código do texto: T8182920
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