A vontade de viver

Às vezes, o coração transborda uma dor silenciosa, um aperto que sufoca e não deixa espaço para o ar. A angústia invade sem aviso, preenchendo o peito como uma tempestade que não pede licença. O cansaço me domina, uma onda implacável, trazendo à tona lágrimas que carregam o peso de uma vida inteira. Eu choro. Choro para expurgar as farpas que se cravaram fundo em mim, para tentar aliviar o vazio que insiste em crescer. Choro porque, por um momento, tudo parece ser em vão. A vida me derruba outra vez, e eu, exausta, tenho que encontrar forças para me reerguer... mesmo estando tão cansada.

Estou cansada de cair, de lutar contra o peso invisível que me arrasta para o chão. Sinto como se a própria vida estivesse rindo de mim, me desafiando a levantar mais uma vez, como se cada tombo fosse uma prova do quanto eu consigo suportar. Mas até os mais fortes têm seus limites, e o meu está aqui, no fundo desse abismo escuro, onde as paredes parecem estreitar a cada tentativa de respirar.

Ainda assim, algo dentro de mim se recusa a desistir. É pequeno, quase imperceptível, mas está lá — uma chama que teima em não se apagar, mesmo com todo esse vento contrário. Talvez seja o amor próprio que resta, uma fagulha de esperança ou simplesmente a teimosia de quem já caiu tantas vezes e aprendeu que, no fim, o chão não é o destino final.

Então eu me levanto. Não porque quero, mas porque preciso. Porque sei que mesmo nas profundezas do cansaço, existe algo mais forte que o peso da dor: a vontade de viver, de encontrar a luz de novo, nem que seja só mais uma vez.

Bianca Baptista
Enviado por Bianca Baptista em 23/10/2024
Código do texto: T8180682
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