Pranto

Ontem eu chorei. Parece tão comum, tão natural. Não pra mim. Aprendi a reter lágrimas quando era bem pequenininha. E chorar ainda é feito cometa, e nem tem dia certo pra cruzar a Terra! Foi a música. Que fez doer a ferida cicatrizada. Que fez doer a saudade. Momentos distintos. Lágrimas descendo, molhando a face. Incontroláveis. E tudo volta. E vem tanta coisa. E tudo fica tão confuso. Embaçado.

Hoje a felicidade é minha companheira. Aprendi a ser sorriso e espalhar amor por onde vou. Mas, nem sempre foi assim…

Poucas pessoas que convivem comigo conhecem a minha estória por inteiro. A superfície rasa sempre esteve à mostra e tudo parecia muito perfeitinho. Nas profundezas do cotidiano tudo era muito sombrio. Ainda não consigo usar as palavras corretas. As mais difíceis, chocantes e cruéis não sei pronunciar. Fato é que eu saí de uma “linda estória de amor”, foi uma escolha dificílima, dei o meu basta. Me lancei no mundo sem colete salva vidas, sem redes de proteção. Contra tudo e todos. Eu me retirei quando a dor de permanecer já era incrivelmente maior que o medo de seguir sozinha. E aprendo todos os dias a ser ímpar. Tem dias que a solidão dói, muito. Que o silêncio grita de quase ensurdecer. E nesses momentos mais difíceis eu me obrigo a visitar o passado e sentir o quanto essa dor é ínfima diante do que eu vivi.

E eu não falo, eu não me exponho, porque muitos vão dizer que é mentira. Outros tantos dirão que eu faço drama demais. O que não me interessa. Eu não falo porque dói. É simples assim. Não falo porque me faz lembrar. E já perdoei tudo. É passado. Eu sobrevivi aos meus piores dias.

Hoje eu sou louca, livre, sou o que há de melhor, vivo a minha essência, a minha verdade. Sou a minha melhor companhia. O meu abrigo. O meu abraço. Sou dona de mim. E vou retomando meu sagrado. Fazendo o caminho de volta aos sonhos que adiei. Aberta aos presente que a vida me traz todos os dias. Sei que eu tô fazendo o meu melhor. Eu venci!

Mas, tem os dias raros, como ontem, em que as feridas fechadas parecem sangrar, em que a saudade guardada vem querer despertar. E as lágrimas descem, como agora. Escrever, porém, será sempre meu bálsamo. Meu lenitivo. Minha cura!

*Si*

Simone Ferreira
Enviado por Simone Ferreira em 21/10/2024
Código do texto: T8178483
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