SORRISOS E CURATIVOS

Por Davi Santos do Amaral – Escrito por volta de 1994 e 95, enquanto tratava-se contra o a dependência de drogas.

Um olhar de reprovação a um coração que já vive nas sombras pode levá-lo a um lugar ainda mais profundo no abismo, enquanto um mero sorriso poderia devolver-lhe o ânimo.

Só Deus sabe de quantas vezes eu vinha com o coração quebrantado, sofrido e enganado pelos conceitos que tinha na vida, pedia socorro humildemente em nome de Deus e então, quando mais precisava de apoio moral, aqueles a quem eu solicitava ajuda me recebiam com pedras nas mãos e eu retornava ainda mais inconsolável. Dissolvia então o amargo tendo como remédio o mesmo veneno que ali me trouxera, nos dias e noites em função das drogas. Progressivamente, aquilo que parecia sem solução submergia cada vez mais em um lodaçal sem perspectiva de retorno. E confesso que por diversas vezes tentei suicídio e, talvez pela vontade divina, jamais consegui resolver tal intento.

É evidente que aquele que procura recuperação terapêutica precisa dar informações corretas de si mesmo para o bom funcionamento da terapia, porém, quando não consta veracidade naquilo que relata não convém corrigi-lo se não for de maneira sabiamente sutil, pois desta forma (ou do contrário) corre-se o risco de afastá-lo definitivamente, quando as estatísticas de recuperação já são baixas e considerando que um usuário tem influência sobre diversos outros.

Davi do Amaral