Mológo: Pascal X Descartes
Penso, logo existo? Existo como humano, e por ser humano, penso, e, pensando tenho a possibilidade de conhecer-me. Conhecendo-me verdadeiramente entro em contato com verdades que incomodam-me. Uma alternativa para desviar meu olhar crítico de minhas imperfeições é me entregar ao divertissemant.
Poderia dizer que Pascal se caracteriza racionalista por oferecer uma análise probabilística sobre a existência de deus. Ele não prova, duvida metodologicamente e então faz uma aposta. Descartes prova, e ao afirmar com certeza, tende a sair do círculo da dúvida, Pascal ao duvidar mantém-se na tradição filosófica de reformular a maneira de interrogar as grandes questões do mundo.
Pascal assume estar em "uma ignorância terrível sobre todas as coisas". O filósofo jansenista se coloca ao lado de Sócrates nessa afirmação de humildade. Pascal ainda duvida de uma vida após a morte, argumentando que ao sair deste mundo cairá no nada (Deus não existe e a vida se finaliza em sua versão única) ou ainda, cairá nas mãos de um Deus irritado, um Deus que se afasta da ideia misericordiosa e benevolente, deixando como única esperança a teoria da graça de Santo Agostinho.
Descartes ao "provar a existência de Deus" protege-se de eventuais ataques da ortodoxia religiosa, sugerindo uma forma de defesa e propaganda de si mesmo como um fiel devoto, sobretudo Pascal considera essa engenhosidade uma trapaça. Não por acaso Descartes viaja para a Holanda, para entrar em território com maior liberdade de expressão.