O Telefonema.
O Telefonema.
Hoje recebi um telefonema de uma pessoa muito querida, foi incrível ouvi-la e vê-la depois de vinte e cinco anos separados, não havia mudado muito neste tempo, ainda ria por qualquer besteira, sua beleza jambo, embora madura, continuava deixando qualquer um de boca aberta. Falamos sobre tantas coisas, relembramos micos da juventude, mas, sem nada triste até o momento.
O momento! Deveria ter uma válvula para ativar o momento de prolongar um encontro. Sim! Deveria!..
O tempo impreciso, nos cobrou precisamente um por quê. Porquê nos afastamos por longos anos, porquê tomamos rumos diferentes, por que?..
Nas nossas vidas, dúvidas tornam-se certezas, erros tornam-se acertos, e, decisões precipitadas tornam-se ações planejadas. Foi nesta composição sobre escala desproporcional que talvez foste a causa e o efeito desta separação que durou todo este período. Talvez!..
Entramos numa maratona surreal de quem foi o culpado, se havia culpa, ou, se seria prudente nos culpar. Seja como for, como antes, não chegamos a lugar algum, continuamos com a pulga atrás da orelha, então, pensei:
- Por que voltamos a este capítulo?..
- Deixamos algo sem solução?
- Carregamos alguma culpa à ser perdoada?
- Nos traímos dês do momento que viramos as costas um para o outro sem dar-nos o direito de defesa?
Essas, e várias perguntas foram sendo elaboradas no decorrer das horas. Foi sendo plantadas sem permissão alguma da minha mente sã, enlouquecida apenas pelo ouvir tua voz. De repente, recobrei o sentido, ela despediu-se sem dar pistas de um provável retorno, no entanto, tenho seu novo número, deveria eu, algum dia, procurar-la? Seria prudente invadir seu novo mundo? Seria de bom tom, perguntar o quê a levou procurar-me? Bem, apesar de todas as cogitações, fiquei mudo dando apenas um adeus, ela então desligou, quanto a mim? Fiquei com o celular na mão ainda no número, que, por ventura ainda era o mesmo de vinte e cinco anos atrás, essa percepção levou-me a odiar minhas atitudes, minha negação ao negar-me este tempo, para com o tempo, dar mérito ao destino que em nada tem haver. Afinal somos assim!..
Independente de tudo, foi bom revê-la, foi ótimo ouvir sua voz, foi super prazeroso tê-la mesmo que por míseras horas, talvez um dia eu retorne a ligação, talvez eu retorne a encontra-la, talvez, eu até retorne a ama-la novamente...
Texto: O Telefonema.
Autor: Osvaldo Rocha Jr.
Data: 16/10/2024 às 19:17