Humano

As convenções sociais, enquanto contrato de coabitação, são imprescindíveis; elas administram o uso do comum. O aparecimento de indutores de necessidades, no entanto, trouxe um descolamento entre diretrizes de vida e costumes. Mais uma vez, a diferença (desigualdade) de talentos facilita que surjam distorções, afastando todo o conjunto social do caminho natural para uma existência coerente. A imposição de padrões, mais vinculados a uma imagem bem construída e eficazmente "vendida", deu origem a diferenciadores, dísticos que etiquetam e classificam as pessoas.

A imaterialidade da existência humana dá oportunidade a devaneios, esses magnificados pelo agrupamento de adeptos, criando multiplicidades de realidades, todas com personalização de fundamentos. A despeito do conjunto característico de hábitos de uma civilização (cultura), desenvolvido no decorrer do domínio do ambiente, a reflexão contínua é indispensável para a verificação da adequação entre nosso modo de vida e nossa vocação de existência. A falta de questionamento nos impelirá à submissão a tiranias, em forma da cultura ao conhecimento, sublimação da ciência, aparência, poder e outras "religiões".

Os acordos sociais devem ser continuamente revistos, pois as civilizações mudam (nem sempre evoluindo); a realidade individual e coletiva é função do tempo, mesmo dentro da discrição de um período. O liberalismo nas tomadas de posição e na escolha de quais critérios escolher para se relacionar consigo e com o meio é o jeito mais natural de aderir ao fluxo e sempre estar em contato com a "realidade", agindo e se sentindo pertencente e confortável na própria pele.

O caminho é ter ciência de que o contrato social é, ou ao menos deveria ser, um acordo comum onde cada indivíduo tem voz ativa e participativa. A alienação é um estado de descolamento do indivíduo com seu propósito de realidade. A temporalidade da existência é o maior indício de que a lógica deve ser revista e adaptada.

O mundo é uma experiência diária.