Calvário

Há exatamente um ano, 12 de outubro de 2023, iniciou-se o calvário de minha mãe.

Foram quatro meses e cinco dias de luta onde vi uma pessoa independente se transformar em total dependente até vir a cura plena.

Há uma reviravolta dentro de mim agora, neste dia, 12 de outubro de 2024.

Parte minha está em Paz sabendo da Misericórdia do Senhor sobre ela e outra parte está questionando o que eu deveria ter feito a mais para proporcionar conforto.

A frustração de estar totalmente impotente mediante tudo o que aconteceu ainda está dentro de mim.

Vi aquela mulher guerreira lutando pela vida. Brigando com todos enquanto ainda tinha lucidez e depois, quando a sepse avançou e levou sua capacidade cognitiva, exigia que a tirássemos de lá.

Nós, eu e meu irmão, sem termos o que fazer a não ser estar com ela diariamente, sentíamos que, se ela saísse dali, ficaria vegetativa.

Houveram momentos que precisamos ser duros demais , resilientes demais e e tudo isso nos corroía por dentro. Tudo isso ainda nos corrói

Nosso pai, quatro meses e meio depois, foi encontra-la, no dia do aniversário dele. Não aguentou viver sem o amor de sua vida. Eu e meu irmão estamos órfãos agora. Ele, vive com a sua familia. Lolita, nossa irmãzinha pet vive comigo agora, juntamente com Pedro, meu filhote pet. Somos nós três aqui em casa.

Hoje, as incertezas tomam conta de meus pensamentos. Revivendo este dia, que imaginava ser somente mais um dia, marcante, fatídico e que nos é dolorido. Nunca mais será um dia 12 de outubro comum. Nunca mais será um dia sem mancha.

Os sofrimentos causados e cristalizados em vida, agora, pós mortem, continuam a ser espetados.

Espero, naquele que me fortalece, que um dia, não existam mais. Espero que não hajam mais alfinetes.

Bia Fernandes
Enviado por Bia Fernandes em 12/10/2024
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