Você não faz parte da minha vida

Que seja. E daí? O que importa? Se escrevo com uma força bruta, como um grito de libertação, mesmo que amargurado. Só exponho, sem rodeios, o peso da dor e a clara decisão de seguir em frente, mesmo que seja difícil. Se procuro dar intensidade às palavras é porque preciso, desesperadamente, deixar transparecer essa mistura de ferida aberta e esse esforço final de me libertar de algo que, hoje ficou claro ao ouvir - 'você não faz parte da minha vida' - não pertence mais à minha realidade. O que decidi? Decidi cortar os laços, não fazer mais parte da vida de alguém que não me inclui na dele.

 

As palavras em força bruta? Estão aí para refletir não só a dor, mas também a força de autocuidado, de restabelecer limites que preciso aprender a exercer.

 

O que isto significa? Talvez um marco, um ponto de não-retorno, uma afirmação de que, por mais que eu esteja aqui e você esteja lá, a conexão se desfez, e não há mais espaço para a continuidade desse vínculo.

 

Triste assim. Por isso, ao mesmo tempo que falo da "perda" (somente minha é a perda), também quero fazer algo que nunca admiti em mim... e o faço agora: uma declaração de força e resiliência. Eu, Maria, mesmo na dor, decido caminhar por mim mesma. É um posicionamento firme, uma ruptura necessária. E no fundo, uma afirmação de que é possível eu me reconectar com a minha própria vida, com meu próprio caminho, sem mais ceder ao que já não me pertence. Ou, melhor, ao que, agora vejo, eu - de fato - nunca fiz parte.