FRANKENSTEIN N’ALMA

 

              Mil pessoas ... eu sou
      Fragmentos de muitos ... de vários
              E por isso ... não sou ... ninguém

               Frankenstein n’alma  
      Eis o que sou!
               Feito de mil pedaços ... d’outros
        Pleno de todos
               Vazio de mim

            De meus olhos a que perderam o vivo e antigo lume
                   Da essência que deles fugira
      E agora midriáticos, pois se encontram
                Dos sonhos que infelizmente debandaram
       E sozinho aqui me deixaram nest'exílio triste e enfadonho

 

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Oh, plural do mundo
       D’alma que dele se orna
                E por isso tão feia e pesada se torna
         E no caminho estaciona e não mais segue
               Da vontade dormente e da vida cansada
      A não mais guardar a saudosa imagem dos primeiros dias
             Em que pequenino no berço de felicidade gozava
      E sossegado dormia...
               Que saudade!

                   Ah, que saudade!
         Do embalo das primeiras canções que ouvia ...
                 E como gostoso eu dormia!
          Do primeiro e real nome a que a Vida me dera
               Contudo, não mais consigo, pois o lembrar

                  Ah, quem dera se eu voltasse a ser singular
          Como outrora eu era
                 Nos sagrados e infantes tempos
            Em que eu não era ... nada
                 E, portanto ... tudo eu era

                E destarte hoje sou ... somente os outros
         E sou lamentavelmente o mundo

   E sou ... o que fundamentalmente não sou
               E por isso, repito ... não sou ninguém

                    Ninguém


                  
    
             Ninguém ... e todo o mundo!
               Da maldita multidão d’almas também perdidas
      Da morta turba a que em zigue-zague prossegue
         Sem saber aonde vai
              (Se é para o paraíso ... se é para o final do abismo)
         A se consumir no pavor e n’angustia de suas falsas vidas
                Na pressa de se chegar ao final de seu exílio
       Nesta sua longa e exaustiva noite, cuj'alvorada protela
             A suspirar de soluços e lágrimas
                    Todavia sem jamais querer morrer
                           Incrível!

             E deste modo sou ... o que igualmente são todos:
   Milhares de gentes dentro de mim ... milhões de rostos
      Santos e assassinos ... anjos e demônios ... inocentes e perversos ...
            Mas verdade é que ... nenhum deles me completa
     Visto que não me amam ... e eu muito menos os amo também

                  Ó Vida!
            Escutai-me neste instante, a que vos imploro
       Não quero ser “coisa” alguma
              Só quero mesmo ser ... eu próprio
         Mas, como é tão difícil!

 

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          E assim eu vos interrogo
     Por que me deixastes ser ... assim.
                e desta forma ... não ser nada?

     Por que consentistes ao mundo a fazer de minh'alma sua marionete?
        Absolutamente, não vos entendo, ó Vida
   Ou será que eu é que sou de fato culpado ... d’assim o ser?

            Meu Deus, se desta forma então eu for
        Em nome de vossa eterna misericórdia
             Perdoe este meu nefasto pecado
     Em eu permitir ser ... todo o mundo    
             Em consentir deixar de ser ... eu mesmo
                Amém!

 

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10 de outubro de 2024

 

IMAGENS: FOTOS REGISTRADAS POR CELULAR E TRABALHADAS COM PROGRAMAS DE EDIÇÃO

 

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FORMATAÇÃO SEM AS ILUSTRAÇÕES

 

FRANKENSTEIN N’ALMA

 

              Mil pessoas ... eu sou
      Fragmentos de muitos ... de vários
              E por isso ... não sou ... ninguém

               Frankenstein n’alma  
      Eis o que sou!
               Feito de mil pedaços ... d’outros
        Pleno de todos
               Vazio de mim

            De meus olhos a que perderam o vivo e antigo lume
                   Da essência que deles fugira
      E agora midriáticos, pois se encontram
                Dos sonhos que infelizmente debandaram
       E sozinho aqui me deixaram nest'exílio triste e enfadonho

                Oh, plural do mundo
       D’alma que dele se orna
                E por isso tão feia e pesada se torna
         E no caminho estaciona e não mais segue
               Da vontade dormente e da vida cansada
      A não mais guardar a saudosa imagem dos primeiros dias
             Em que pequenino no berço de felicidade gozava
      E sossegado dormia...
               Que saudade!

                   Ah, que saudade!
         Do embalo das primeiras canções que ouvia ...
                 E como gostoso eu dormia!
          Do primeiro e real nome a que a Vida me dera
               Contudo, não mais consigo, pois o lembrar

                  Ah, quem dera se eu voltasse a ser singular
          Como outrora eu era
                 Nos sagrados e infantes tempos
            Em que eu não era ... nada
                 E, portanto ... tudo eu era

                E destarte hoje sou ... somente os outros
         E sou lamentavelmente o mundo

         
              E sou ... o que fundamentalmente não sou
                    E por isso, repito ... não sou ninguém

                      Ninguém
      
             Ninguém ... e todo o mundo!
               Da maldita multidão d’almas também perdidas
      Da morta turba a que em zigue-zague prossegue
         Sem saber aonde vai
              (Se é para o paraíso ... se é para o final do abismo)
         A se consumir no pavor e n’angustia de suas falsas vidas
                Na pressa de se chegar ao final de seu exílio
       Nesta sua longa e exaustiva noite, cuj'alvorada protela
             A suspirar de soluços e lágrimas
                    Todavia sem jamais querer morrer
                           Incrível!

             E deste modo sou ... o que igualmente são todos:
   Milhares de gentes dentro de mim ... milhões de rostos
      Santos e assassinos ... anjos e demônios ... inocentes e perversos ...
            Mas verdade é que ... nenhum deles me completa
     Visto que não me amam ... e eu muito menos os amo também

                  Ó Vida!
            Escutai-me neste instante, a que vos imploro
       Não quero ser “coisa” alguma
              Só quero mesmo ser ... eu próprio
         Mas, como é tão difícil!

            
              E assim eu vos interrogo
     Por que me deixastes ser ... assim.
                e desta forma ... não ser nada?

     Por que consentistes ao mundo a fazer de minh'alma sua marionete?
        Absolutamente, não vos entendo, ó Vida
   Ou será que eu é que sou de fato culpado ... d’assim o ser?

            Meu Deus, se desta forma então eu for
        Em nome de vossa eterna misericórdia
             Perdoe este meu nefasto pecado
     Em eu permitir ser ... todo o mundo    
             Em consentir deixar de ser ... eu mesmo
                Amém!

 

10 de outubro de 2024

 

O Pincel e a Paleta
Enviado por O Pincel e a Paleta em 10/10/2024
Reeditado em 10/10/2024
Código do texto: T8170234
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