POEIRA ESTELAR

E estamos neste mar, que não nos ensinaram a navegar,

Escondido em nevoeiros que embaçam o olhar,

No mar do desespero, inventei remos de tranquilidade,

Na tentativa de enganar as ondas e sua ferocidade,

Que em seus acoites tentam o barco tragar.

As estrelas no céu brilham e apontam uma direção,

E com essa cena tentamos guardar o coração,

São as estrelas e os remos uma realidade, ou nossa doce ilusão?

Para não perecermos em nós mesmos,

Largando-se ao esmo.

Quando se aproxima nosso cais?

Quando deixaremos nossos “ais”,

A tempestade de pensamentos

Não permite à boca quaisquer argumentos,

E, em um breve instante, o coração tenta descansar em cama de lamentos.

Em meio a dor, em um berço de amor, tentamos esquecer tudo,

E o temor agudo vai se tornando surdo...

Nossa fraqueza em deixar um amar,

Se consola na força do mesmo amor,

Que agora arde em um temor.

E estamos neste mar, que não nos ensinaram a navegar,

Escondido em nevoeiros que embaçam o olhar,

No mar do desespero inventei remos de tranquilidade,

Na tentativa de enganar as ondas e sua ferocidade,

Que em seus acoites tentam o barco tragar.

A espera de que novamente o mar revolto se tranquilize,

E que o espírito, alma e corpo se equalize,

E toque a música de resiliência e esperança,

Suportando eventuais espinhos em suas andanças,

Quando finalmente o cais encontrar.

Com os pés agora na terra poder caminhar,

Sob as estrelas, lembrar que somos poeira estelar,

Em nosso breve corpo finito,

Que um dia voltará ao infinito,

Protegido em um casulo de um amor tão bonito.

Um dia, novamente, enfrentaremos esse mar que não nos ensinaram a navegar...

E nos mapas de cicatrizes a rota encontrar,

Brilhando em nós que somos apenas sua poeira, a luz das estrelas,

Para que não haja tanta escuridão nas mazelas,

Se protegendo na força daquilo que em sua ausência nos dilacera, a força que há em amar.