Solidão.
Solidão.
De repente você percebe o quão sozinho és em meio a tantos que, na palavra comum, são amigos, família, amores, entre outros tão perto cuja distância é a infinita certeza. Como explicar tal sentimento incutido nos nossos dias do acordar até o deitar, como desvendar tal fenômeno natural de proporção anormal diante de uma equação simples, hoje, vi na orla do Humaitá tantos olhos tristes, perdidos no horizonte entre risos, e, gargalhadas forjadas para suplantar o real sentir, os beijos enlouquecidos dos casais forçados a abrir intimamente a intimidade que na sua mente queria ter sido outros lábios a revelar. Hoje, sou só mais um no meio desta multidão, procurando um alguém ou qualquer alguém para conversar, sim! Conversar que falta me faz ter esse alguém neste exato momento.
A solidão chega, mas, nada diz, apenas observa-me com seu olhar acinzentado afim de achar uma fresta que seja para convidar a dor entrar, esta por sua vez, ao entrar abre as comportas da minha íris esverdeadas fazendo transbordar lágrimas sob um riso opaco sem luz alguma, simplesmente lágrimas. Neste ínterim, estas águas varrem como enchente pensamentos alegres, desejos firmes tornam-se frágeis facilmente varridos sem deixar vestígios de que um dia os tive, o tempo ensolarado, nubla-se de uma cor que somente a tristeza é capaz de compor, de matiz única, alcança a quem por perto passe, esse tonalidade de força sem igual toca as almas sensíveis a ponto de aproximar de mim ou da pessoa em questão e fazer a pergunta de praxe:
- Você esta bem?..
E, respondemos com uma força devastadora:
- Sim!..
Então, quem perguntou se vai, quem foi cogitado fica na penumbra de seu mundo, num mundo cheio de tantos presentes sem presença a ofertar
Texto: Solidão.
Autor: Osvaldo Rocha Jr.
Data: 07/10/2024 às 08:29