Alma Imortal (Vampiro).

Eu lembro-me do calor agradável nas manhãs a beira mar, da brisa, com um certo peso do salitre sobre o meu corpo nu da cintura para cima, e, do vento que traz um frescor absurdamente confortável. O sol! Um dia pude contemplar-lo em sua magnitude, a claridade deixava nítida a beleza do mundo frente aos meus olhos verdes, tudo antes de hoje, tinha cor

Por um período dos anos como um normal, eu vivia e apreciava cada fase do dia, cada dia, ainda que este fosse chuvoso, mas, era sempre um dia! Eu nasci no Outono de '74, sob uma lua cheia e um céu estrelado, cresci sob os cuidados de meus avós e de Edite (Dita), sem qualquer conhecimento da natureza humana na sua real natureza. Com o passar dos dias a juventude tomou conta de mim, com ela, veio responsabilidades e o véu que antes ofuscava a dor, rompeu-se, fazendo-me chorar. Todas estas lembranças ficaram nos dias passados, há tanto tempo, de um tempo, quase inexistente. Quase!..

Hoje, aqui sentado à beira-mar, sem sentir o vento no rosto, sem aquela brisa que cessou deixando-me diante de um horizonte escuro, vestido totalmente com um sobretudo negro, meus olhos vermelhos, outrora vivos, não vê mais a beleza ao redor, não enxerga mais as faces conhecidas da infância, da juventude, nem os amores que davam colorido ao viver, e, onde havia verde, resta apenas o vermelho e a morte.

Como dito antes, nasci em "74, para morrer em '2024 sem sentir as estações vigentes dos anos seguidos, tendo a lua como companheira eterna, a escuridão como covil e cúmplice dos atos e atitudes mortalmente feitos para saciar a sede eterna de vida. O sol! Nem mesmo o reconheço no agora, ele se fez inimigo queimando minha carne transformando-me em cinza caso deseje trégua. Caminho errante em solos sagrados das memórias daqueles que partiram de natureza normal ou pela minha anormal natureza, oponho-me, apesar de andar nestes solos, entrar em contato com tais objetos que reverência aquele a quem neguei por amor. Por este amor, condenei-me a transpassar eras, séculos, até milênios, a procura daquela que a dor da morte à levou.

Seu nome: ................... Minha amada.

Texto: Alma Imortal (Vampiro).

Autor: Osvaldo Rocha Jr.

Data: 03/10/2024 às 17/35