DIÁRIO - 02/OUT/2024
Hoje foi uma facada no peito. Quando voltei do trabalho ela me recebeu com um sorriso lindo que doeu demais. Não por causa da beleza, mas porque era o tipo de sorriso que ela não me dá mais. Chorei. Ela apenas me abraçou e não disse nada. Não perguntou se eu estava bem. Ignorou minha dor e perguntou se eu queria comer... Não se importou com minhas lágrimas... O pior é que eu não consigo deixar de amá-la. Mesmo agora, quando ela é mais uma lembrança amarga do que uma companheira verdadeira, ainda sou preso a ela, como um prisioneiro que se agarra às correntes que o sufocam.
Eu queria poder arrancar esse sentimento, como quem arranca uma erva daninha, mas ele está tão profundamente enraizado em mim que, se eu tentasse, acho que me destruiria no processo.
De manhã ela mandou uma mensagem dizendo que me ama. Mas suas ações, seus silêncios, seus descasos, dizem o contrário. O amor dói tanto que se parece com um homem numa nevasca dentro de uma caverna que ou acende uma fogueira e vive, ou morrerá. Mas em meu coração parece haver apenas uma faísca que não consigo mais acender. E isso me destrói. Dia após dia, eu vou me perdendo. Perdi a mulher que pensei que conhecia, e, de alguma forma, perdi a mim mesmo também.
Mas ela não parece sentir a perda. Ela vive como se a vida seguisse em frente normalmente, enquanto eu desmorono por dentro, lentamente, pedaço por pedaço.