O que ainda nos resta
É novo dia. O Sol vai se levantando com seu olhar arregalado. O dia promete ser quente novamente. Precisamos muita da chuva, mas ela parece que ainda não está a fim de nos visitar. Essa última noite que foi embora não foi das melhores para mim. Quantos pensamentos vieram me importunar e não me deixaram dormir direito. Se eu tivesse que me descrever neste momento, eu me chamaria "Senhor Preguiça". Muito sono e desânimo. Assim me encontro, mas de nada adianta essa acomodação. Como gostava de me dizer uma amiga: a vida que segue. Uma frase singela, mas real. Ela segue mesmo seu destino. Isso independe do nosso querer. A cada dia que passa vemos nossos sonhos irem se esvaziando, esvaziando ou até deixando seu lugar para serem preenchidos por outros menos ousados. O tempo vai eliminando nossas possibilidades. Isso é certo. Mesmo que outros sonhos venham a nossa mala vai ficando cada vez mais vazia, mas não mais leve, pois a nossa resistência também diminui com a passagem do tempo. Admito que sou um pouco teimoso. Vivo uma batalha por não aceitar que vá alguns dos meus projetos que não deveriam constar mais em minhas gavetas. Por que nós nos apegamos tanto a coisas que não mais nos pertencem? Por quê? Reconheço não sou mais um garoto. Até meus cabelos secaram e mudaram de cor. No entanto, minha teimosia impele-me na busca do que julgo ser o maior tesouro. Espero encontrá-lo em algum lugar a minha espera. Afinal, quem não almeja pela paz interior?