DIÁRIO - 01/OUT/2024

Hoje foi pior. O silêncio dela se tornou ensurdecedor. Antes, eu conseguia ignorar os lapsos, as pausas longas em suas conversas. Mas agora, cada uma dessas ausências me grita. A cada momento que ela se perde em pensamentos, eu sei onde a mente dela está. Não comigo. Nunca comigo. Está sempre com ele. Não importa o quanto ela tente, não importa o que diga, o passado está entre nós como uma sombra que não pode ser apagada.

Eu gostaria de poder perguntar, mas tenho medo da resposta. Tenho medo de ouvir aquilo que já sei: que ele foi tudo o que eu não pude ser. Que ele trouxe a emoção que eu nunca consegui oferecer, que o tempo e o dinheiro roubaram de nós. Agora, ela está aqui, mas ao mesmo tempo, tão distante. E eu? Eu sou o homem que restou. O homem que ela "aceitou" de volta, mas que jamais terá o que realmente deseja.

Ontem percebi que aumentou o distanciamento. Hoje nem consegui trabalhar. A dor no peito era insuportável. Voltei pro café da manhã, mas disse que não ia comer. Ela insistiu dizendo que tinha comprado um bolo para mim e perguntou se eu ia menosprezar o bolo que ela comprou. Comecei a chorar e disse: Você menosprezou o amor que dei à você. O clima estragou mais do que estava e ela não me deu o abraço que eu esperava receber. Apenas permaneceu em silêncio. E chorei como criança...

Cada música que ouço me destroi: (atualizando a musica) "pedi pra cuidar e não cuidou, era pra amar, traumatizou" "E o que me prometeu, será que se esqueceu? De todos nossos planos, nosso filhos, nosso apartamento, da nossa lua de mel, do nosso casamento. Como pude acreditar nesse seu juramento?"

Ainda tem a dor de saber que ela queria estar com outro. Isso me consome. Sinto isso a cada palavra não dita, a cada olhar vazio. E, ainda assim, aqui estou eu, fingindo que está tudo bem, fingindo que ainda tenho algum valor para ela. Mas a verdade é que sinto que sou apenas uma tábua pra ela se segurar no mar, não o cara que ela gostaria de estar.