Raptura do silêncio

No crepúsculo da memória, onde o amor ainda habita,

Os sussurros do passado dançam na brisa aflita.

Um olhar que incendiou, um toque que era abrigo,

Mas o tempo, como ladrão, levou embora o amigo.

Lágrimas em cada passo, um lamento disfarçado,

Sorrisos se desvanecem, como sonhos malfadados.

Teus olhos, um horizonte que eu sempre quis tocar,

Mas agora são lembranças que o coração não pode calar.

E em cada esquina da vida, uma sombra te espera,

O eco do que fomos, a dor que nunca altera.

Teu riso ainda ressoa, como música distante,

Mas o compasso da tristeza é um amigo constante.

Caminhei em direção ao futuro, carregando o passado, Mudei por ti, minha musa, busquei um novo caminho, Mas o amor ficou preso, sem alarde, sem carinho. E ao abrir a rede, em um momento de dor,

Vi teu sorriso radiante, ao lado de outro amor.

Uma lágrima solitária, um sorriso forçado,

Desejei a tua felicidade, mesmo com o peito rasgado.

A luz que eu amava brilha em outro olhar,

E eu, entre as sombras, sigo a vagar.

Mas a verdade é um peso, um fardo que não se esvai,

Ainda amo os fragmentos de um amor que se foi.

Em cada canto sombrio, em cada amanhecer,

Carrego a lembrança do que não pode morrer.

Assim, eu sigo, com o coração em frangalhos,

Pelas ruas do que fomos, em ecos e atalho.

E na dança do silêncio, onde a saudade é a guia,

A cada passo, um lembrete: o amor nunca se esvazia.