O Amor à Moda Antiga Ainda Tem Lugar no Presente?
Eu ainda acredito no amor, mesmo quando tudo diz que não. Existe uma certa nostalgia que toma conta de mim ao lembrar dos tempos em que o amor era cultivado com delicadeza, gestos simples e uma boa dose de paciência. Sinto saudades do frio na barriga quando o par romântico se aproximava, do arrepio causado pelo toque nas mãos e da mágica que envolvia um primeiro beijo. Era tudo mais leve, quase como um sonho cuidadosamente elaborado, onde o inesperado era sempre uma agradável surpresa.
Naquela época, os cortejos tinham um ar especial. Abrir a porta do carro, oferecer flores, chocolates e ursinhos de pelúcia eram sinais inequívocos de interesse e carinho. O homem se empenhava para conquistar e a mulher, por sua vez, sentia-se cortejada, valorizada por cada pequeno gesto. Os sorrisos tímidos, os olhares trocados, o nervosismo antes de uma aproximação... Era um jogo romântico que, mesmo quando trazia desencontros e brigas, revelava reconciliações doces, onde um beicinho ou um olhar triste eram suficientes para dissipar qualquer mal-entendido.
Hoje, ao olhar para trás, percebo como tudo mudou. O cavalheirismo foi aos poucos se perdendo, engolido por novas regras ditadas pelo empoderamento e pela busca constante de igualdade. As mulheres, que antes esperavam ser cortejadas, agora plantam suas próprias flores e aprendem a não depender de ninguém para recebê-las. Nos tornamos independentes a ponto de o amor parecer uma questão secundária, quase irrelevante diante da necessidade de sermos fortes e autossuficientes.
Mas será que essa mudança nos trouxe a mesma satisfação? Será que ao nos adaptarmos aos novos tempos, não deixamos algo importante pelo caminho? Eu ainda desejo ouvir um "eu te amo" vindo de alguém que não tenha medo de se entregar. Desejo relações mais sinceras e descomplicadas, sem joguinhos ou medos de exposição. O amor não deveria ser um campo de batalha ou um jogo de quem cede menos. Deve ser um encontro de duas almas dispostas a caminhar juntas, de mãos dadas, sem reservas.
Por isso, ainda que tudo ao redor diga o contrário, eu prefiro acreditar no amor à moda antiga. Aquele que respeita o tempo, que cultiva o carinho e que se deleita nos pequenos gestos. Porque o verdadeiro amor não se preocupa com quem é mais forte ou mais fraco, quem cede mais ou menos, mas sim com a construção de uma história a dois, onde o frio na barriga, os sorrisos e os gestos gentis jamais deixam de ter valor.