EPIDEMIA

Por Davi Santos do Amaral – Escrito em torno de 1994 e 95.

Dói saber que uma doença mortal está infiltrada nos meios viciosos se propagando de maneira incontrolável pelas vias das drogas e da prostituição. Dói saber que a maior parte da sociedade não tem consciência do problema e força os indivíduos incluídos dos grupos de drogas e de AIDS a uma marginalização de forma que condiciona o alastramento da epidemia. Dói também saber que seus próprios filhos, que estão chegando à juventude, podem ser as próximas vítimas do mesmo mal.

Dói saber que as estatísticas do HIV vêm dizimando a população jovem e que até o final do Século teremos, provavelmente, 50% dos jovens viciados em alucinógenos, de forma que uma família que tiver dois filhos, um deles poderá ser um dependente. Dói ver meninos e meninas que, em tão tenra idade, definham nos hospitais em seus leitos infectados. Dói saber que as autoridades não usam mão de todos os recursos possíveis para dar aos contaminados ao menos um pouco mais de qualidade de vida, apenas por desinteresse daqueles a quem compete o problema.

Dói saber em breve poderemos ter uma população de maioria velhos e uma sociedade sem perspectiva de vida. Dói saber que até uma possível aprovação de um antídoto, aproximadamente 2004, a maior parte dos infectados de hoje não alcançarão. Dói saber que os jovens não são preparados da melhor forma para evitar uma possível contaminação. Dói saber que as pessoas não percebem que se faz necessário uma mobilização em massa e urgente, pois que este é um problema da sociedade em geral. Dói, sobretudo, saber que o mundo esqueceu do perdão, do amor ao próximo e de Deus. Dó saber que as pessoas se previnem, sobretudo, das pessoas, não do vírus.

Davi do Amaral

Davi Amaral
Enviado por Davi Amaral em 14/01/2008
Código do texto: T816339