A vulnerabilidade de Maria III
Talvez eu esteja atravessando as paredes do tempo. Caminhando nessa passagem profunda e carregada de introspecção lírica da alma. E o espelho da parede de meus pra dentro esteja refletindo o mistério da existência e do amor silencioso e secreto. Há um sentimento de isolamento me beirando as grietas interiores. É como se eu fosse uma personagem dentro de mim mesma e estivesse à margem de um saber oculto, sentindo a presença de algo grandioso e belo, mas que permanece fora do alcance da compreensão do mundo externo. Nem sei como dizer, não sei como explicar. Mas, sei que o desconhecimento do futuro e a ausência de planos palpáveis (realidade além das promessas - sonhos se tornando reais) criam uma atmosfera de incerteza, quase como um abismo entre o "eu" e a realidade. É o que também vejo quando espio o ator e espectador de si mesmo. Para falar recorro às metáforas do Sol e da Lua — o Sol, que não assume seu próprio brilho, e a Lua, que o corteja sem que o encontro ocorra de forma plena. Essa relação sugere um amor inatingível, uma conexão que se manifesta apenas nas sombras e nas entrelinhas do universo. Daí o poema, a lenda dos amores eternos. Em minhas fragilidades também se encontram sentimentos que se escondem em "cavernas interiores" e os "hieróglifos" gravados em suas paredes ancestrais que como símbolos de uma sabedoria profunda e pessoal, talvez inacessível aos outros - pois só existem em meus pra dentro -, se eternizam nas paredes da alma. É assim, desenhando e escrevendo interiores que perpetuo sentimentos pelos "séculos dos séculos". Alguns dizem que existe beleza em minhas vulnerabilidades. Outros que a dor permeia cada sentido. Não sei. Sei que em mim ecoa a noção de que, embora invisíveis ao mundo, meus sonhos e desejos têm vida própria, são imortais nos recônditos da alma, mas, enquanto rabiscos nas paredes de meus labirintos interiores, sobrevivem como uma lembrança eterna do que nunca foi, do que poderia ter sido, do que sonhamos um dia seja... Em minhas vulnerabilidades...