Onde está o tempo para escrever?
Começo o dia com o ônibus chegando.
Era demais para tomar café com minha família.
Os estranhos já familiares aglomeram-se como velhos amigos.
Entre pontos, em e vão, esbarram-se e trocam olhares mas nunca palavras.
Na fábrica do saber, somos enfileirados como Henry Ford quis.
Pelas próximas 7 horas e meia, outorgam-me fórmulas.
O argumento: é preciso me munir para matar questões.
Infelizmente, gosto de literatura e sociologia, apenas baixo calibre...
De volta ao ônibus. Agora consigo me sentar,
Existem outros menos afortunados ainda no trabalho.
Saúde, Beleza e força são as promessas que os pesos fazem.
Acato sem pestanejar, diferentemente dos candidatos, elas são verdadeiras.
Seis horas, passou a hora do ônibus, o cartão não passa mais.
Vou andando pois sou abençoado e dinheiro não quero gastar.
Finalmente em casa, consigo ver minha mãe.
Mas o coração já foi degastado pelo corre.
A alma extinguiu-se no cansaço.
O fechar das pálpebras traz o sono.
Acabou o dia.
Não escrevi outra vez.
Começo o dia escrevendo enquanto tomo café com minha família,
Não fui a escola hoje.