Onde está o tempo para escrever?

Começo o dia com o ônibus chegando.

Era demais para tomar café com minha família.

Os estranhos já familiares aglomeram-se como velhos amigos.

Entre pontos, em e vão, esbarram-se e trocam olhares mas nunca palavras.

Na fábrica do saber, somos enfileirados como Henry Ford quis.

Pelas próximas 7 horas e meia, outorgam-me fórmulas.

O argumento: é preciso me munir para matar questões.

Infelizmente, gosto de literatura e sociologia, apenas baixo calibre...

De volta ao ônibus. Agora consigo me sentar,

Existem outros menos afortunados ainda no trabalho.

Saúde, Beleza e força são as promessas que os pesos fazem.

Acato sem pestanejar, diferentemente dos candidatos, elas são verdadeiras.

Seis horas, passou a hora do ônibus, o cartão não passa mais.

Vou andando pois sou abençoado e dinheiro não quero gastar.

Finalmente em casa, consigo ver minha mãe.

Mas o coração já foi degastado pelo corre.

A alma extinguiu-se no cansaço.

O fechar das pálpebras traz o sono.

Acabou o dia.

Não escrevi outra vez.

Começo o dia escrevendo enquanto tomo café com minha família,

Não fui a escola hoje.

Felipe Yamato
Enviado por Felipe Yamato em 22/09/2024
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