Um amanhã para sorrir

O mundo muda. O nosso mundo se transforma. Mas nem sempre percebemos. E não percebemos porque estamos amargurados demais com aquilo que um dia nos afligiu, angustiou e assustou. E, então, um tanto ariscos, acreditamos que aquelas dores tendem a se repetir incansável e interminavelmente. Assim, não mudamos nossa postura arredia diante da existência. Uma vez evitando a vida, deixamos de apreciá-la em sua totalidade. Isso porque precisamos sair do lugar se quisermos desfrutar das novidades que a nós são oferecidas. Não adianta. Precisamos agir e precisamos de coragem para fazê-lo. Ou a vida será sempre a mesma. Um tanto entediante e angustiante. Um tanto assustadora e incômoda.

“De nada vale as voltas que o mundo dá se você não sair do lugar” (Autor Desconhecido)

Essa é uma grande verdade. É como alguém que tantos males nos causou um dia deixa esse mundo. E outras tantas se dispõem a se aproximarem de nós. Pessoas diferentes, com intenções diferentes, com posicionamentos também diferentes. No entanto, se não nos libertarmos das amarras e dos sentimentos daquele que com o nosso coração brincou, estaremos fadados a vivermos sob a sua sombra. E com isso não nos permitiremos a novos rostos e sorrisos, aprisionar-nos-emos no medo e na incerteza. A realidade é outra, a vida mudou e o mundo se transformou, mas nós, fixos em nosso lugar, não participamos, nem desfrutamos, dessa mudança!

É necessário, então, que além de a vida mudar, nós também sejamos capazes de mudar a nossa forma de encará-la. Isso não é fácil, compreendo. Ainda mais quando fomos machucados e feridos de tantas e diversas formas. É como se aquilo ficasse se repetindo em nossa mente alertando-nos para que nunca mais nos permitamos ao mesmo cenário. Há um fundo de razão aí. É só a nossa sabedoria interior tentando nos poupar de outros sofrimentos. O que essa sabedoria não sabe, no entanto, e que só saberá a partir da experiência, é que sempre há outros começos com finais melhores e mais felizes. Precisamos nos permitir. Precisamos arriscar. De qualquer modo estamos sempre correndo algum risco. Seja o de uma vida monótona seja o de uma vida apaixonante. Se optarmos pela apaixonante poderemos acabar frustrados eventualmente. Ao menos não teremos nenhum arrependimento por termos tido uma chance ímpar de passarmos pelo mundo, impactá-lo e sermos por ele impactados. Dores acontecerão, não tem jeito. Mas sempre haverá um amanhã pelo qual sorrir.

(Texto de Amilton Júnior - @c.d.vida)