A MESA
Soberana, geralmente no meio da sala de jantar, foi peça indispensável e agregadora das famílias.
Em seu entorno aconteciam as refeições coletivas, todos ao mesmo tempo, as conversas após enquanto as sobras e os artefatos eram retirados, os deveres escolares das crianças e também as grandes decisões onde só os adultos podiam participar.
Nas horas vazias do dia, a mesa estava sempre forrada com algo de visual agradável e nos finais de semana, sobre toalha finamente decorada, o jarro com flores naturais era forma de agradecimento familiar àquela peça que, de tão importante era o local onde se cantavam a plenos pulmões os “parabéns prá você” nas festas de aniversário com o bolo confeitado e enfeitado com velinhas indicando a idade nova do agraciado.
As cadeiras no seu entorno indicavam a categoria dos ocupantes, com destaque para a cabeceira, geralmente destinada à pessoa mais reverenciada da família ou visitante ilustre que, via de regra, abdicava da lisonja.
O passar do tempo incorporou novos hábitos, as famílias encolheram o número de seus componentes e as casas foram reduzidas a apartamentos, onde apenas os assentos são bem-vindos.
As refeições passaram a ser feitas diante da TV, que exerce atração pelo audiovisual na transmissão de notícias superficiais, frívolas e, em sua maioria, desnecessárias, que os pseudos especialistas, tentam dar significado e importância para a vida dos mortais.
Foi importante, mas a relevância da mesa da sala de jantar se perdeu quando passou daquele tempo que, felizmente, não voltará.