Estranha solidão
Entre encontros e desencontros
Inícios e despedidas
Sempre volto ao mesmo lugar, não tem jeito
Preciso logo aceitar o fardo de viver sozinha
Sozinha comigo
Pensei hoje no que seria o pior dos infernos
A pior das prisões, dos castigos
Imagina que pesadelo seria
Ter que lidar consigo, de forma consciente
Sem companhias, sem escrita, sem vícios
Sem animais, sem álcool
Somente você e você
Seus pensamentos incontroláveis e inoportunos
Imagina não poder mais observar ninguém
Somente a si, vigiar-se o tempo inteiro
Uma eterna vigília de si, o tempo todo
Quem aguentaria?
Eu mesma, hoje, jamais aguentaria nem um dia sequer
Vivo me distraindo do fato de ter que lidar comigo
Com meus conflitos, desejos, derrotas e razões
Haja bicho, gente e bebida pra preencher esse espaço
Que tanto reluto em preencher comigo
Mas eu rodo, rodo, e paro sempre no mesmo lugar
Naquele momento em que você vira a chave da casa
E pensa, é, agora somos só eu, agora sou, só nós