Devaneios alcoólicos
Provavelmente vou beber essa semana inteira
E talvez a próxima também
Estou um poço de ansiedade e lidar
Com tudo o que está acontecendo me despedaça
Porque eu lido sozinha e é muita coisa
Mas tenho meus momentos de alívio
Tenho conversas que me esclarecem a alma
Escondo um confidente secreto, nada secreto
Engraçado como dificilmente ele erra algo sobre
Minha vida
Não que ele tenha razão, mas ele escuta sobre
Minhas dores e desejos, tem empatia
Ele também me conta de suas confidências
Nada confidentes, todo mundo sabe
Mas há ali uma sinceridade que hoje pra mim
É necessária
Há um respeito também
Hoje, graças aos céus, não consigo manter contato
Com quem me falta ou me faltou com respeito
Nunca fui tão só, nunca estive tão bem
Ainda buscando por contatos, relações, pessoas, risos
Mas também mantendo bem fechado meu limite
Tenho gostado desse meu limite, tenho sofrido menos
Há dores minhas que são só minhas, eu as compartilho
Apenas comigo em momentos de solitude
É como uma criança que se esconde no seu armário
Ou na sua toquinha pra poder chorar em paz
Não compartilho mais dores e estresses
Não da mesma forma que antes
Ficam apenas comigo, mas são drenadas, ainda sim
Tenho gostado dessa forma de viver
Tomara que perpetue
Apesar disso, meu desejo por uma pessoa é intenso
Gostaria de nunca mais vê-lo
Gostaria de me casar com ele amanhã
Queria nunca mais saber dele, apagá-lo de mim
Queria pegar o ônibus pra vê-lo, lhe servir água
Mas tem passado, sabe?
Tem passado, sempre passa.
Mas lembre-se, só passa quando você para de cultivar.
Tenho parado de cultivar.